quarta-feira, 9 de setembro de 2009

...Me...


Tem muuuita coisa acontecendo na minha vida. Não, eu não estou realizando sonhos ou coisas do tipo. O que vem acontecendo na verdade é mais interno do que externo. Não cabe aqui relatar tudo isso, não é o propósito do blog, mas como ele é uma válvula de escape, e nesse momento eu preciso liberar um pouco o furacão que vem tomando conta do meu ser, acho que é uma boa pedida.


Noite dessas eu tive um sonho:

"Estava viajando de ônibus, sozinha, o banco ao meu lado estava vazio. De repente e sem explicação, como acontece nos sonhos, havia uma neném no meu colo, e eu sabia que o bebê não era meu. Eu sabia que ela não tinha ninguém. Eu sabia que ela também estava sozinha. E eu decidi ficar com ela. Eu ia cuidar dela, porque ela precisava de mim. Eu desci na cidade para onde eu estava indo e levei a bebezinha comigo. Os outros passageiros foram contra. Diziam que eu deveria deixá-la, que ela não era minha, que ela deveria ficar sozinha. Mas eu teimei, a levei comigo. Quem iria cuidar daquela bebezinha tão frágil? Tão sozinha? Ela não tinha ninguém. Ela só tinha a mim. E eu fui andando, ao cair da tarde, sem malas, sem bagagens, só eu e a criancinha no colo. Até que eu a olhei mais uma vez. E eu vi. Eu me vi. Ela tinha o meu rosto. Ela era eu muitos anos atrás."

Então eu acordei.

Relatei esse sonho na minha análise. Porém, a cada vez que eu penso sobre ele mais significados me vêem a cabeça. Muito de mim está fundido nesse curto sonho. Muito do que eu sou, do que eu fui, do que eu desejo.

Minha imensa vontade de ser mãe, minha determinação em fazer o que eu quero independente da opinião dos outros, mas principalmente a minha carência, esse sentimento de solidão que me persegue, essa sensação de que alguém precisa cuidar de mim, de que eu preciso de colo.


Assumir isso dói. Significa me expor, mostrar que não sou auto-suficiente, que sinto falta de alguém, que quero colo, carinho, atenção e que não estou recebendo isso, não da maneira que eu quero.

O fato é que estou em processo de mudança. Acolhendo a criança carente de afeto que existe em mim e cuidando dela.
Sem esperar que alguém me encontre e me salve do vazio.

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