terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Divagações

Aproveitei o sol da tarde pra arrancar com a pinça alguns pêlos teimosos que teimam em surgir fora de lugar na minha sobrancelha. Aproveitei a coragem, apesar da cólica, pra passar um pano de leve na estante e tirar a poeira dos locais acessíveis. Retirei os lençóis e a colcha da cama, bati o travesseiro e depois arrumei tudo. Peguei as calcinhas secas no varal e dobrei-as, colocando-as na gaveta de acordo com a cor. Pus as roupas engomadas nos seus respectivos lugares.

Tudo isso ao som de Zélia Duncan.

Peguei uma faixa de cetim lilás que dava bobeira em cima da cama da mamãe e enfeitei os meus cabelos. Me olhei no espelho enquanto dançava o sambinha gostoso que tocava no meu micro-sistem. Sim, eu não tenho um MP4, tenho um sozinho branco muito fofo que parece um óvini, e que eu adoro.... Não gosto de música apenas dentro dos meus ouvidos, isso me incomoda e me deprime. Gosto de sentí-la em todos os meus poros...

Observei os contornos do meu corpo no espelho. Agradeci por estar mais magra. Acariciei minha barriga inxada por causa da menstruação imaginando quando teria um bebê ali dentro. Olhei para os meus seios e sorri. Lindos! Como eu queria.

Deixei de besteira e peguei a vassoura, tirando a sujeira do quarto tentando não fazer força com os braços.
Depois que vi o quarto limpo liguei o split, fechei a portae a janela e me joguei na cama, deixando Zélia continuar a invadir minha cabeça. Talvez isso me fizesse parar. Mas não fez.

Continuo cheia. Sinto idéias e palavras voando pela minha cabeça como elétrons em alta velocidade, como naquele tudo de Cookies, ou algo assim, não sei se o nome está certo, até porque Cookies significa biscoito em inglês, mas lembro de algo parecido nas aulas de Química da escola.

Me seguro para não ligar o computador e escrever, sim, porque é essa a minha vontade desde cedo. Escrever pra mim é um vício, e ele quase sempre leva vantagem sobre mim. Já passei algum tempo sem escrever, não por falta de idéias, porque elas nunca faltam, sempre estão ali, a espreita, num trecho de música, num olhar, num momento que parece simples, num sonho, e até quando não faço nada. Elas simplesmente vêm, e me pressionam, porque querem sair, querem estar numa tela de computador, querem ser salvas. Mas às vezes escrever dói, machuca e atrapalha... Nesses momentos consigo parar...

Mas a vontade sempre vem, e eu cedo, e deixo tudo que eu tenho pra fazer e sento em frente a esse Itautec que tanto me irrita com suas frescuras, mas que eu amo mesmo assim, e vou amar até ter dinheiro pra comprar meu Mac.

E quando as palavras fluem das pontas dos meus dedos para a tela branca eu sinto um alívio indescritível, como quem abre o botão de um jeans apertado, ou como quem descalça um sapato que está te matando. Mas o alívio é temporário. As palavras me escrevizam. Os pensamentos me dominam. Eu não consigo pará-los, nem desligá-los. Minha cabeça não dorme. Eu deito e levanto pensando em mim, nos meus personagens, nas minhas idéias, do que eu sinto vontade de escrever.

Sim, sou escrava das palavras. Sou dependente do prazer de escrevê-las. É uma droga que não me custa dinheiro, que não faz mal pra minha saúde, mas que consome mais tempo do que deveria.
Meu sonho é um dia ganhar dinheiro para fazer o que eu gosto, traduzir em linhas os meus sentimentos.

Enquanto isso não vem eu vou levando... Tentando encaixar minhas histórias na estória dos meus personagens... Fazendo-os aprender o que eu já aprendi a força, ou tentando fazê-los me ensinar a aprender o que ainda falta...

Nenhum comentário:

Postar um comentário