quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Coisa mais difícil que eu já escrevi

A coisa mais difícil que eu já escrevi

Perdi a conta de quanta coisa eu já escrevi. Só romances, foram mais de nove. Isso sem contabilizar as histórias menores. Mas eu só considero sete, depois explico por quê.
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Quando criança, eu tinha diários. Mais tarde, passei para agendas. Eu sou da era pré-internet, do tempo em que ainda se trocava cartas. Há poucos anos eu fiz uma limpa e coloquei fora pilhas e pilhas de envelopes e papeis coloridos preenchidos. Um saco cheio de correspondência e confidências entre amigas. Sempre gostei de escrever. Fazia cartões gigantescos com facilidade.
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Em abril de 2007, passeando numa comunidade do orkut de um filme que eu gostava, eu vi que havia várias histórias de escritoras amadoras. Algumas bem boas. Eram fanfics, romances com os personagens do livro Orgulho e Preconceito, com enredos e época bem diferentes do original. Achei legal. Aliás, para quem não sabe fanfics quer dizer ficção de fãs. E eu confesso que li tantas histórias, e escrevi também, que hoje não suporto mais nem ouvir falar de Lizzie e Darcy! Enjoei deles como do meu ex-namorado!
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No dia em que eu descobri essa comunidade, eu fui dormir pensando: e se eu também escrevesse uma história? Ao posar a cabeça no travesseiro, veio a idéia. Em seguida, 10 capítulos já estavam escritos e eu comecei a colocar o meu romance no orkut. Algumas pessoas leram e comentaram. Queriam mais. E foi assim que tudo começou. Mal acabei a primeira história, já veio a idéia para uma nova. Histórias surgiram em série de algum lugar do meu cérebro que eu nem sabia que existia.
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Perdi a conta de quanto texto eu produzi desde abril de 2007. Adoro! Escrevo principalmente no consultório entre os pacientes, como agora. É legal. Eu me desestresso. Saio do trabalho e não penso em problemas, mas sim nos meus personagens. É ótimo! Como uma amiga minha diz: eu não preciso de terapia!
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Mas voltando ao assunto, a coisa mais difícil que eu já escrevi...
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Estou fazendo uma oficina de literatura e tenho que escrever contos com assuntos pré-definidos. Como os personagens não são meus, eu não sinto muita afinidade com eles. Mas não. Não foram esses contos a coisa mais difícil que eu já escrevi. Confesso que posso matar esses personagens sem o menor remorso, já que não fui eu quem os criou. E isso foi bem divertido!
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A coisa mais difícil que eu já escrevi, deve ser o maior dilema que uma escritora de histórias de amor enfrenta. Algumas pulam essa parte, outras deixam mais sutil. Já eu admito que prefiro ler as cenas bem descritivas. Sim, é isso mesmo: a coisa mais difícil que eu escrevi foi a minha primeira cena de sexo. Escrever a primeira cena de sexo deve ser tão difícil e traumático quanto perder a virgindade! O pior é que eu postava a história no orkut, e tinha gente esperando por esse momento com ansiedade!
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Foi um horror! Fiquei tão insegura! Li e reli mais de mil vezes! Hoje eu admito que não me lembro dela e que essa dificuldade aconteceu só na primeira vez. Atualmente, já bem mais a vontade! Até porque é impossível separar amor de sexo.
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Inclusive, minha avó vive pedindo para ler algo que eu escrevo, e eu sempre penso: nessa história não vai ter sexo, então poderei dar para ela ler. Só que eu confesso que isso nunca aconteceu... Acho que a minha querida avozinha nunca lerá nada meu.
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Dei a minha primeira história, a primeira com meus próprios personagens, para algumas pessoas lerem, entre elas uma amiga e a minha sogra. Excluo dessa contagem de sete romances os dois primeiros por serem fics.
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Comentei com a minha sogra: “minha avó me pediu para ler o que eu escrevo”. E ela respondeu: “Tá louca, quer matar a tua avó do coração?” Falei para essa minha amiga que eu tinha dado essa mesma história para a minha sogra, e ela arregalou os olhos, assustada, e repetiu: “tu deu isso para a tua sogra?”
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Tá... Eu não peguei pesado... Mas tinha todo um momento de sedução... Algumas páginas mais intensas... Mas a história pedia! E o engraçado é que todo mundo que leu o que escrevo, fica louca por esse personagem, o seduzido. Mais do que pelos que vieram depois... Vai entender...
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Então, a coisa mais difícil que eu escrevi, hoje sai com naturalidade. Com a naturalidade que a história exige, é claro. Umas cenas mais rápidas, outras mais detalhadas. Afinal, não há como separar amor de sexo.


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