domingo, 23 de agosto de 2009

Sense and Sensibility


Mais um livro da Divina Jane Austen.

Terminei de lê-lo hoje, e claro, vim comentar aqui pra vocês. O começo é meio chatinho, mas depois vai empolgando. Conta a história das irmãs Dashwood mais velhas, após a morte do pai das moças, que de acordo com as leis da época é obrigado a deixar a propriedade para o filho mais velho, fruto do primeiro casamento. Qualquer semelhança com a própria autora - que não tinha um dote lá essas coisas - não é mera coincidência.

O livro é muito bom, embora eu ache que a J.A estava de TPM e por consequência altamente emotiva quando escreveu o final, visto que ela parece usar uma lente cor de rosa e enxergar o melhor de todo mundo, ou então está apenas dando uma de Jane Bennet, a irmã sem sal da Elizabeth Bennet de "Orgulho e Preconceito".

Elinor, a filha mais velha, é uma das minhas personagens preferidas de Austen. É racional sem ser fria. Coerente com seus sentimentos e atitudes sem parecer grossa e rígida. Dotada de emoção e sensibilidade, mas concentrada e equilibrada, o que pra mim, a torna perfeita.

Marianne me irrita praticamente por todo o livro, e só se regenera nas últimas páginas. Sempre acha que é superior a todos, a mais culta, a que entende mais de música e poesia e a que se entrega com paixão as suas alegrias e sentimentos.

Antes de ler o livro eu já tinha visto a série da BBC e o filme dirigido pelo Ang Lee, os dois baseados na série, e nas duas obras eu também não fui com a cara da talzinha. Mas hoje eu resolvi refletir e tentar entender o motivo de tanto ódio.

De acordo com algumas idéias psicanalíticas o que nos incomoda nos outros geralmente é o que nos incomoda em nós mesmos, e enxergamos isso em outra pessoa através de um processo de projeção. E se eu lembrar um pouco de mim alguns anos atrás eu veria exatamente uma Marianne morena. Sei que é horrível dizer isso, mas é a mais pura verdade.

Passional e intensa, gostando sempre das pessoas erradas, e acreditando que o melhor depois de uma decepção era a própria morte. Ui! Me envergonho de mim mesma. Deve ser por isso que gosto tanto da Elinor, ela é tudo que eu venho tentando ser.

Tenho duas partes para destacar:

1. Marianne falando a Elinor:

"Minha querida Elinor, não deixe a sua bondade defender o que sei que seu julgamento deve censurar. Minha doença me fez refletir. [...] Examinei o passado: vi em meu próprio comportamento, desde o começo do nosso relacionamento com ele no outono passado, nada mais que uma série de imprudências contra mim mesma e falta de bondade nos outros. Vi que meus próprios sentimentos prepararam os meus sofrimentos e que a minha falta de firmeza com eles quase me levaram ao túmulo."

2. Descrição de Edward Ferrars após o noivado com Elinor:

"Só é preciso dizer isto: que quando todos se sentaram à mesa, às quatro horas, cerca de três horas depois de sua chegada, ele conquistara a noiva, conseguira o consentimento da mãe, e era não só nas extasiadas palavras do homem apaixonado, mas na realidade de razão e verdade, um dos homens mais felizes do mundo. Sua alegria de fato era extrodinária. Tinha mais que o triunfo corriqueiro do amor correspondido para envaidecer seu coração e elevar seu moral. Libertou-se, sem nenhuma censura contra si mesmo, de complicações que há muito o vinham tornando infeliz, de uma mulher que há muito deixara de amar; e elevara-se imediatamente àquela segurança com outra mulher que deve ter considerado com desespero, assim que aprendeu a considerá-la com desejo. Foi levado, não da dúvida ou da incerteza, mas da desgraça à felicidade; e a mudança era narrada abertamente, com uma alegria tão genuína, tão delicada e tão grata, que seus amigos nunca haviam visto nele antes.

Seu coração estava agora aberto para Elinor, todas as suas fraquezas, todos os seus erros tinham sido confessados e seu primeiro amor infantil por Lucy haviam sido tratados com toda a dignidade filosófica dos vinte e quatro anos."

O filme é de 1995 e conta com grande elenco. Destaque para o meu amado Alan Rickman, que interpreta o coronel Brandon divinamente bem. Hugh Grant na minha opinião faz um Edward perfeito. Kate Winslet e Emma Thompson interpretam Marianne e Elinor Dashwood respectivamente.

A série possui três episódios se não me engano, e o ator que faz o Edward - Dan Stevens - é um pão. O intérprete do coronel David Morrissey não fica atrás, ele também estrelou "A Outra" (2008) e Fora de Rumo, um filme com o Clive Owen que eu amo!


As três obras são indicadas. O livro, o filme e a série, mas o meu preferido é a série. Sorry Alan Rickman, mas a produção da BBC caprichou.




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