segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Depois do fim, o Recomeço.

Quando uma história de amor termina surgem várias indagações. Ou damos oportunidade para que elas apareçam. A minha teoria casa mais com a segunda opção, acho que as dúvidas que “surgem” são apenas indagações que a gente escondeu debaixo do tapete mil e quinhentas vezes, são problemas que a gente racionalizou dando as explicações mais absurdas e acreditando piamente nelas. Acontece.

O ponto é, sabíamos que estávamos infelizes. Sabíamos que as coisas não andavam bem. Mas o apego é tão grande, o medo da mudança é tão intenso, o pavor do monstro chamado solteirice é tão absurdo que continuamos ali, lutando por uma causa perdida.

Mas chega um dia em que realmente acaba, em que o temido fim dá as caras, e muda a tua vida de cabeça pra baixo. Nesse dia passamos a querer enxergar as respostas das temíveis perguntas. E queremos respostas claras. Queremos saber o porquê da infelicidade. Queremos saber o motivo pelo qual deixou de dar certo.

Na busca por respostas corremos o risco de cair na armadilha da culpabilização. Culpamos a nós. Acreditamos que em algum ponto deixamos de fazer alguma coisa, que em algum momento fomos egoístas demais para perceber as necessidades do outro. Num outro extremo podemos culpar o ex. Ele não me merece. Ele não presta. Ele estragou tudo.

Nesse ponto você esquece que um dia amou e passa a odiar. Odeia as lembranças, a simples menção do nome, odeia as notícias sobre, odeia saber inclusive que o fulano ainda existe e não simplesmente virou fumaça, como você gostaria que acontecesse.
Você passa também a estender esse ódio pra todos os seres do mesmo gênero que ele [ou ela] da face da terra. Você não quer saber de relacionamentos nunca mais. No máximo algo casual, sem nenhum envolvimento afetivo da sua parte. Você jura nunca mais se apaixonar, nunca mais acreditar nas promessas e declarações de amor de alguém. Você basicamente odeia. Odeia a si, odeia a todos.

São fases pelas quais você passa. Normal, mas essas fases precisam ser superadas. Se não vira doença.

Num relacionamento, que por muito tempo deu certo, não podemos falar de culpa, mas de responsabilidades. Houve erros, com certeza, e com mais certeza ainda vejo que os erros foram dos dois lados. E agora não é uma forma de racionalizar, mas uma reflexão madura, e dolorida. Odiar é uma forma de se relacionar com a dor. Uma forma de tentar superá-la. Mas isso também passa.

Depois, bem aos poucos, você volta a viver sua vida sem resquícios desse amor que já não é. Você vai levando, vai vivendo, e quando você menos espera se descobre com a ferida cicatrizada. Sem dor. Sem sangue. Sem pus. Apenas a marca, pra você não esquecer do que já viveu. E que foi ruim, por um tempo, mas que também foi muito bom. E já dá pra lembrar nisso com sorrisos e nostalgia, sem lágrimas e sem dor.

E a vida passa a ter outro sentido. O seu. Como pessoa, como sujeito, como mulher. Seus desejos, suas metas, suas vontades, seus sonhos, seu dia-a-dia. É uma fase meio egoísta, mas deliciosa. Você volta a reparar em você. Volta a gostar do que vê no espelho. Volta a se amar. E percebe o quanto aquele amor estava te destruindo, te machucando, e fica realmente feliz por ter acabado. Essa felicidade é só tua. Você não sente a necessidade de contar a ninguém, completamente diferente daquela felicidade que você vê as pessoas apregoarem via internet o tempo todo e que você sabe que não é real, que elas só querem aparentar pra “um certo alguém” e que você tem mais certeza ainda de que eles não vêem, ou se vêem não acreditam.

Mas no seu caso é diferente. Você realmente está feliz. Você descobre que o ódio se foi, e você se pega desejando até a felicidade do outro também. Você se percebe aberta pra novas relações, novas aventuras, novos amores. E a idéia dele com outra já não te desestrutura.

Você conhece novas pessoas, e não faz questão de aprofundar laços com pressa, só pra poder desfilar na cara dele o quanto você está feliz. Pelo contrário. Você quer mais é curtir em silêncio, a dois, aquele novo começo, aquela nova oportunidade de continuar a ser feliz. Porque esse novo é apenas mais um. É um momento bom de se viver, de se curtir. E que vai acabar sem te deixar desestruturada como o outro, porque você não vai perder o foco. Você não tem a intenção de se deixar anular novamente. Felicidade é a sua meta, se alguém quiser se juntar a você nessa caminhada, bem. Se não, sem problemas. A vida continua linda.

Temos que aprender que o amor acaba. Se transforma. Muda de foco. Acontece. Superar é difícil, mas não é impossível. E quando a gente supera, ah, um mundo de possibilidades se descortina... É só saber se jogar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário