sexta-feira, 26 de junho de 2009

Paixão por Gatos - Onofre

Onofre...

Nenhum outro gato será igual a você....


1992...

“Nada de gatos em casa!”- meu pai afirmava diante dos pedidos insistentes meu e da minha irmã. Um dia mudou o discurso, brincalhão... “Bom, tem uma condição!” Eufóricas, esperamos para ouvi-las. “Se o nome do gato for Onofre...” “Hummm” Disfarçamos uma careta... Onofre. Que nome estranho para um gato...
Na mesma tarde, meu pai chegou do trabalho e ele estava lá... Quero dizer... Onde ele estava? O gato sumiu logo no primeiro dia... Será que foi embora?
Vasculhamos a casa inteira atrás do filhote preto e branco. Encontramo-o, seguindo os miados baixinhos, assustado e praticamente entalado num vão atrás do meu armário. Gatinho travesso... Já aprontou nas primeiras horas! Mal sabíamos o que esperar...
Um gatinho cheio de energia... Corria pela casa inteira. Folha, mosquito, tudo virava brinquedo. Inclusive o pinheiro de natal, que foi ao chão no segundo ano. Mas como culpá-lo? Qual gatinho resistiria àquela imensidão de atraentes bolinhas coloridas? E assim deu-se o fim das bolas de natais de vidro. A partir desse dia, só se comprou bolinhas inquebraveis. E o pinheiro passou anos e anos sem a ponteira...
Pórem, ele quase morreu no primeiro ano de vida. Era uma fera. Um filhote de felino arrisco que se envolvia em brigas e confusões noturnas, mas era fera só com outros gatos. Conosco ele era um anjinho. Não teve escolha o pobre do gato. Machucado e com febre devido aos machucados extensos oriundos de suas farras descontroladas, teve que ser operado. E aproveitando-se a anestesia, castrou-se o gato.
O gato se acalmou. E mal sabia ele que com isso ganhou anos de vida... Muitos e muitos anos da melhor vida que um gato pode desejar. O gato cresceu... E suas donas também....
Parceiro de muitas horas... Até hoje lembro seus olhos amarelos arregalados olhando desconfiado para o meu primeiro namorado (eu tinha 15 anos)... Companheiro de estudo. Sentava na cama comigo enquanto eu estudava ainda para as provas do colégio. E diante de tantos livros, ele sempre deitava inconvenientemente em cima do qual eu precisava ler. Ele era esperto. Estudou comigo para os dois vestibulares... Quando eu larguei a publicidade e fiz novo vestibular para odonto, quem estava me aguardando na porta, tarde da noite, eu voltar do cursinho? Tá certo que não era uma espera despretensiosa, já que era a hora que eu costumava dar para o lindo gatinho – agora enorme – a ração mole que ele tanto amava! E quem estudou comigo depois durante a faculdade de odonto?
O gato engordou... Arrastava a enorme barriga pela casa... Era engraçado. O gato Onofre parecia o Garfield....
Os anos passaram. Em seus últimos anos de vida, duas de suas donas mudaram de casa. Mas o gato nunca as esqueceu, nem elas esqueceram o gato. Ele era fiel e dedicado.
Uma de suas donas – eu – arranjou uma nova casa e uma nova gata. Mas não! Nenhum outro gato vai substituir o gato Onofre do meu coração! Ele é único... Nunca amarei nenhum outro gato como eu o amei.... Como ainda o amo...
Ontem eu o vi pela última vez... Um fiapo de gato... Magrinho e fraco... Eu sabia que ele morreria e pude me despedir dele.... Isso é uma coisa triste, a despedida, mas não poder dar adeus é muito pior...
Hoje ele não acordou... O gatinho Onofre, depois de 16 anos de uma vida longa e feliz, subiu aos céus para virar um anjinho.

Te amo, gatinho! E nunca te esquecerei.

12.10.92 a 11.03.09

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