segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fugindo do assunto...

PAUSA PARA DESCANSAR
Sei que isso não tem nada a ver com romances, e tudo mais, mas esse vídeo é tão fofinho que eu resolvi compartilhar. E eu amo bichos!!!

Ainda estou lendo Amanhecer... Parei na página 400 agora.
Obs: eu amo o Edward!

Um herói que mata


Quem me conhece sabe que eu sou super fã do Leoni. Pra quem não sabe de quem estou falando, vou colocar aqui uma breve biografia desse cara, que considero um dos melhores e maiores artistas da música brasileira:

Leoni nasceu no Rio de Janeiro, em 1961, tem portanto 48 anos e idade pra ser meu pai! Mas juro que não parece - digo isso porque o vi ao vivo e a cores no dia 11 de Junho passado. Continuando, ele fez parte da primeira formação do Kid Abelha, na época chamado "Kid Abelha e os abóboras selvagens", e muitas das músicas que ainda hoje estão na boca do povo como “Lágrimas e chuva”, “Fixação” e “Exagerado”, esta última famosa na voz do Cazuza, foram compostas por ele. Depois do Kid Leoni montou uma nova banda: Heróis da Resistência, e em 93 lançou sua carreira solo.

De lá pra cá continua conquistando fãs por onde passa, a mídia não lhe dá o devido reconhecimento, mas cá entre nós, pra mim isso não faz a mínima diferença. Antenado com as novas tendências mantém um site onde interage com os fãs e disponibiliza suas músicas para download.

É um cara simples, aberto, disponível e criativo, e que sabe falar de amor, toca mesmo no coração da gente, sem ser brega e nem piegas.

Esse blá-blá-blá todo é por outra coisa, relacionado ao Leoni, claro.

Já que a Tânia voltou a fase Edward e Bella, eu quis mostrar pra vocês uma música que tem tudo a ver com a cabecinha atormentada do nosso herói vampiro. Chama-se "Um herói de mata" e o próprio Leoni comentou sobre essa semelhança no show. [Se justiça existisse essa música deveria estar na trilha sonora do filme! - ele disse, ou algo assim]
O vídeo não é meu, mas foi o melhorzinho que achei na net.

Então, cliquem aqui e vejam "Um herói que mata", depois não esqueçam de me dizer o que acharam . Quem quiser acompanhar a letra é só clicar aqui.

Ah, só pra constar, a primeira foto é do show em Teresina, 11.06.09 no Antonius, e essa aqui ->>>
é do encarte do meu cd, lindamente autografado nesta mesma data no camarim! Huhuhu!
Xerim
=**

domingo, 28 de junho de 2009

Perdeu a Graça?


Será que perdeu a graça por que eu já li?
Genteeeeeeeee! Empaquei! Só li até a página 150 e então abandonei o livro ... Eu, particularmente, odeio a parte que o Jacob narra...

sábado, 27 de junho de 2009

Breaking Dawn - Amanhecer

Cuidado com Spoilers!!
Olha só, aproveitando que a Tânia foi ler "Amanhecer" eu me adiantei e vim postar as minhas impressões.
Impressões da Indi:
Primeiro: Não gosto de títulos traduzidos, acho que perde um pouco o glamour da coisa.
Segundo: Inicialmente a capa é sem graça, mas no finalzinho do livro ela ganha um sentido.
Terceiro: Lua de mel no Brasil! Tirando o jogo de interesses, é sempre bom ver que houve a intenção de manter os leitores brasileiros. Os americanos aos poucos se dão conta de que não são os únicos seres pensantes do universo.
Quarto: Apesar da descrição pobre da lua de mel, que ficou praticamente a cargo da nossa imaginação, foi legal finalmente saber que Edward não é um eunuco. Nesse ponto tive mais certeza de que o "Meu homem" da saga é mesmo o Emmet-musculoso-viril-debochado-tarado-Cullen, e não o Edward. Aviso ao restante da população feminina do mundo: Briguem por ele a vontade, estou fora do páreo.
Quinto: É, na minha opinião, o melhor livro da série, até porque sai do foco do amor obssessivo de Bella por Edward. Jacob ganha uma importância maior, passando até a ser um dos narradores do livro, o que enriquece bem mais o lance todo. A história da Leah [acho que escreve assim, faz tempo que li] é bem trabalhada, seus sentimentos são revistos, descobre-se aí uma personagem intensa e forte, que merecia inclusive seu próprio livro.
Sexto: Adoro o fato de Bella se tornar vampira, deixar de ser o cristalzinho dos Cullen e finalmente poder tomar a frente de alguma coisa.
Sétimo: Não posso esquecer da Renesmee, não é? Amo crianças, e esse bebezinho-sanguessuga perfeito não podia ficar de fora! Gosto especialmente porque a pequena mestiça monopoliza as atenções em torno dela! [Egocêntrica eu?]
Oitavo: Ameeeeeeeeei o rompimento entre Jake e o líder do bando quileute. O lado alfa dele ter sido despertado o deixa ainda mais complexo e interessante.
Nono: O irmão da Leah [esqueci o nome] continua fofo como sempre, e é um dos responsáveis pelo lado cômico do livro.
E finalmente, Décimo: Os Volturi. Lindos, Meticulosos e Poderosos como sempre!
O que não gostei:
O fato do pai de Bella entender e aceitar tudo de forma tão natural; a transformação de Bella ser tão silenciosa e ela não demonstrar dor [achei forçação de barra total], e não gostei da "impressão" entre Jacob e Nessie. Também me pareceu forçado, mas de certa forma foi o único jeito de manter os dois clãs unidos. Então este último foi mais complexo, não gostei, mas entendi.
Xerim e ótimo fim de semana!
=**

Pedro - de Doze Verões




Esqueçam tudo o que eu disse! Que Bernardo e que Rodrigo o que: o meu personagem preferido sempre foi o Pedro (eu imagino ele como o Tiago Rodrigues de olhos azuis).
Agora é perder a vergonha na cara e acabar a história.
Devo ser louca, mas: eu amooooooo essa pessoa que a minha imaginação criou. Pode isso?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Por que eu amo o Edward




Por que ele diz coisas lindas como:

"Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas haviam estrelas - pontos de luz e razão... E aí você apareceu no meu céu como um meteoro. De repente, tudo estava pegando fogo; havia brilho, havia beleza. Quando você não estava lá, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro. Nada havia mudado, mas os meus olhos haviam ficado cegos com a luz. Eu não conseguia mais ver as estrelas. E não havia mais razão pra nada"

E como essa:
Edward estava observando Bella Dormir, ela acorda e corre pros braços dele, e ai vem o dialogo:
- “Você só começou a falar hoje cedo”.
- “O que você ouviu?”Ele:
- “Você disse que me amava”.
- “Você já sabia disso”
- “Foi bom ouvir, do mesmo jeito”.Eu escondi minha cabeça no ombro dele.
-“Eu amo você”, eu sussurrei.
- “Você é minha vida agora”, ele respondeu simplesmente. - Que lindoooo!


Trechos preferidos - por Indira (roubei de uma comu do orkut):
Crepúsculo - cap 08
Logo após a garçonete sair de perto:
- Você não devia fazer isso com as pessoas - critiquei - É muito injusto.
- Fazer o quê?
- Deixá-las tonta desse jeito... Ela pode estar ofegando na cozinha nesse exato momento.
Ele pareceu confuso.
- Ah, sem essa - disse eu desconfiada. - Você deve saber o efeito que tem sobre pessoas.
Ele inclinou a cabeça de lado, e seus olhos eram curiosos.
- Eu deixo as pessoas tontas?
- Nunca percebeu? Acha que todo faz o que você quer com essa facilidade toda?
Ele ignorou as minhas perguntas.
- Eu deixo você tonta?
- Com muita frequencia" eu admiti.

Minha primeira vez...


Oi gente!

[Não sei se alguém vai ler, mas enfim...]

Vim aqui postar porque a Tânia praticamente me obrigou, ela me fez postar pra que ninguém pense que o blog é só dela.

Acontece que eu só soube que eu tinha um blog depois do dito cujo pronto, e pior ainda: Não tenho nada a dizer hoje. Aliás, até tenho, mas como não quero que o meu primeiro post seja "down" prefiro deixar pra outro dia.

Mesmo assim, sintam-se bem vindos a esse espaço de doidices, desabafos, expressão de criatividade, ou de falta dela, e por aí vai... Comentem, reclamem, exijam, coloquem a boca no trobone, perguntem, só não xinguem por favor, vamos manter o nível, ladies!


Ah, pensaram sacanagem com o título, não é?


Peguei vocês!!

Mais isso me deu uma idéia, que tal mandarem sugestões sobre temas a serem abordados nesse blog? Eu ia adorar se alguém me desse um retorno!
Vou pensar numa coluna sentimental, ou em dicas de sexo e relacionamento, hum... Posso até responder perguntas! (kkkkk!) Ia ser hilário!

Dúvidas sobre tudo ->Tia Dira responde!
Ah, já amei!

Xerinho,
=*


[Imagem do filme "The Notebook (Diário de uma paixão)", Photo date: 30 June 2004 © 2004 New Line Cinema Productions. All rights reserved.]

Filmes preferidos de Tânia

Orgulho e Preconceito

Piratas do Caribe

Um Amor para Recordar



P.S. I Love You



Diário de Uma Paixão





Dirty Dancing




O Fantasma da Ópera

Sagitário


Sagitário
Otismismo a toda Prova
... e chamando a criança de sagitário, Deus disse:
"Para você Sagitário, eu peço para fazer sorrir os Homens, pois por causa da incompreensão de minha idéia eles se tornam amargos. Ao provocar risos, você dará esperança, voltará seus olhos para Mim. Você tocará muitas vidas, mesmo que só por um momento, e conhecerá a impaciência de cada vida que tocar. Para que você possa espalhar generosidade suficiente para poder penetrar em cada canto de escuridão e torná-lo iluminado, dou o dom da Abundância Infinita."

Paixão por Gatos - Onofre

Onofre...

Nenhum outro gato será igual a você....


1992...

“Nada de gatos em casa!”- meu pai afirmava diante dos pedidos insistentes meu e da minha irmã. Um dia mudou o discurso, brincalhão... “Bom, tem uma condição!” Eufóricas, esperamos para ouvi-las. “Se o nome do gato for Onofre...” “Hummm” Disfarçamos uma careta... Onofre. Que nome estranho para um gato...
Na mesma tarde, meu pai chegou do trabalho e ele estava lá... Quero dizer... Onde ele estava? O gato sumiu logo no primeiro dia... Será que foi embora?
Vasculhamos a casa inteira atrás do filhote preto e branco. Encontramo-o, seguindo os miados baixinhos, assustado e praticamente entalado num vão atrás do meu armário. Gatinho travesso... Já aprontou nas primeiras horas! Mal sabíamos o que esperar...
Um gatinho cheio de energia... Corria pela casa inteira. Folha, mosquito, tudo virava brinquedo. Inclusive o pinheiro de natal, que foi ao chão no segundo ano. Mas como culpá-lo? Qual gatinho resistiria àquela imensidão de atraentes bolinhas coloridas? E assim deu-se o fim das bolas de natais de vidro. A partir desse dia, só se comprou bolinhas inquebraveis. E o pinheiro passou anos e anos sem a ponteira...
Pórem, ele quase morreu no primeiro ano de vida. Era uma fera. Um filhote de felino arrisco que se envolvia em brigas e confusões noturnas, mas era fera só com outros gatos. Conosco ele era um anjinho. Não teve escolha o pobre do gato. Machucado e com febre devido aos machucados extensos oriundos de suas farras descontroladas, teve que ser operado. E aproveitando-se a anestesia, castrou-se o gato.
O gato se acalmou. E mal sabia ele que com isso ganhou anos de vida... Muitos e muitos anos da melhor vida que um gato pode desejar. O gato cresceu... E suas donas também....
Parceiro de muitas horas... Até hoje lembro seus olhos amarelos arregalados olhando desconfiado para o meu primeiro namorado (eu tinha 15 anos)... Companheiro de estudo. Sentava na cama comigo enquanto eu estudava ainda para as provas do colégio. E diante de tantos livros, ele sempre deitava inconvenientemente em cima do qual eu precisava ler. Ele era esperto. Estudou comigo para os dois vestibulares... Quando eu larguei a publicidade e fiz novo vestibular para odonto, quem estava me aguardando na porta, tarde da noite, eu voltar do cursinho? Tá certo que não era uma espera despretensiosa, já que era a hora que eu costumava dar para o lindo gatinho – agora enorme – a ração mole que ele tanto amava! E quem estudou comigo depois durante a faculdade de odonto?
O gato engordou... Arrastava a enorme barriga pela casa... Era engraçado. O gato Onofre parecia o Garfield....
Os anos passaram. Em seus últimos anos de vida, duas de suas donas mudaram de casa. Mas o gato nunca as esqueceu, nem elas esqueceram o gato. Ele era fiel e dedicado.
Uma de suas donas – eu – arranjou uma nova casa e uma nova gata. Mas não! Nenhum outro gato vai substituir o gato Onofre do meu coração! Ele é único... Nunca amarei nenhum outro gato como eu o amei.... Como ainda o amo...
Ontem eu o vi pela última vez... Um fiapo de gato... Magrinho e fraco... Eu sabia que ele morreria e pude me despedir dele.... Isso é uma coisa triste, a despedida, mas não poder dar adeus é muito pior...
Hoje ele não acordou... O gatinho Onofre, depois de 16 anos de uma vida longa e feliz, subiu aos céus para virar um anjinho.

Te amo, gatinho! E nunca te esquecerei.

12.10.92 a 11.03.09

Paixão por Gatos - A Gata que se chama gata


Não estou maltratando a gata: ela sempre foi gorda! Quando apareceu aqui em casa, antes de ser castrada, a veterinária achou que ela estava grávida. Mas era pura gordura!
E o mais engraçado: fizemos até ecografia na bichinha para ver por que os filhotes não nasciam - hahahahahahah
Fato curioso:
Meu marido – recém marido, antes namorado - sempre disse não gostar de gatos. Um tanto por preconceito, e um tanto por desconhecê-los. Quem nunca conviveu com um gato, mas com um gato realmente seu, pensa que são animais independentes e traiçoeiros. Mas não sabem que de fato podem ser extremamente amorosos, companheiros e dedicados. E uma grande tristeza da minha vida, era não poder ter um gato.
Comprei enfeites de gatos, e os espalhei pela casa. Certa e desanimada pelo fato que nunca teria um de verdade. E um dia, não sem como – pois eu já havia desistido – ele aceitou ter um gato.
E qual o meu espanto, quando - apenas um dia depois! – a encontrei. Não sei como ela soube, mas deve ter sabido, que em meu apartamento havia uma vaga para gatos.
A gata estava no muro, esperando por nós. Faminta, um pouco suja, e desesperada por carinho.
Não precisei procurar um gato – ela simplesmente apareceu! Como se alguém a mandasse para nós.
E sem nenhuma duvida, a peguei no colo e a levei para casa!
E assim termina – ou começa – a história de uma gata. Uma gata que se chama gata, e mora num apartamento. Brincalhona, feliz, gorda e satisfeita, sempre recebe os donos na porta.

Dica de leitura: Muito mais do que uma Princesa

Sinopse:

Filha ilegítima de um príncipe e de uma famosa cortesã, Lucia viveu confinada em escolas e conventos durante a maior parte de seus vinte anos. Mas a austeridade dos ambientes não a impediu de provocar um escândalo depois do outro. Exasperado, o príncipe Cesare de Bolgheri decide que a filha deveria se casar - e quanto antes. Controlar Lucia passaria a ser problema do marido. Para arranjar o casamento, Sir Ian Moore, o mais respeitado diplomata britânico, é chamado às presas de uma missão na Anatólia. De volta à Inglaterra, ele promete a si mesmo que achará um marido para Lucia em poucas semanas, mas logo vê que sua experiência de diplomata talvez não seja suficiente para quebrar a resistência da moça. Apesar de não faltarem candidatos convenientes à nobreza e ansiosos para dividir o leito com uma jovem tão atraente, nenhum está à altura do espírito e da paixão de Lucia. Como convencer Lucia a casar-se por imposição do pai, e não por vontade própria? Será que algum acordo é possível quando é o amor que está em jogo? Sir Ian descobrirá que, muitas vezes, é mais difícil negociar com uma mulher do que com chefes de Estado.

Lucia descrevendo o marido que procura: "- Quero um marido forte e viril que possa me amar com uma paixão igual à minha. Esse homem nunca terá necessidade de procurar cortesãs. Esse homem não vai dormir em nenhuma cama que não seja a minha. Esse homem será tratado como rei, e eu serei a luz que iluminará o seu dia. Esse homem vai me dar muitos filhos. Esse homem vai acordar nos meus braços todas as manhãs com um sorriso no rosto e vai estar apaixonado por mim todos os dias da sua vida, até ser enterrado."

Ian:"- Você é a minha ardente esposa italiana. Você é a mulher que vai me dar filhos e em cuja cama eu pretendo dormir todas as noites. Você é a razão pela qual eu vou acordar todas as manhãs com um sorriso no rosto. Eu amo você e a amarei por todos os dias da minha vida, e o único dia em que vou deixá-la será o dia em que eu morrer."

Gente, esse livro é muitooooo bom! Não me canso de lê-lo!

Ler Deveria Ser Probido

O Homem Certo - História de Tânia - Capítulo 1


História criada para ser publicada na comunidade O&P Fanfics - com Lizzy e Darcy.

Lizzy inspirada em Lia de Fantasia.


Capítulo 1

- Oi gatinho. – dei um selinho estalado na boca dele.
- Oi Liz. Nossa, você está um arraso. – disse pegando-me pela mão e fazendo com que eu desse uma voltinha.
- Sim. Não é uma festa cheia de gente importante? Eu caprichei na produção. – sorri com a maior cara de pau.
Um vestido curto preto com um decote insinuante, amarrado atrás do pescoço. Um par de sandálias de um enorme salto e uma maquiagem perfeita. Cabelos bem escovados, provocadoramente soltos.
Não, eu não queria fazer feio. Eu tinha que estar perfeita para causar boa impressão.
Eu conheceria os amigos de George, o meu atual ficante. E não eram quaisquer amigos. Eu bem sabia que entre eles se incluiam William Darcy e Charles Bingley, filhos dos donos de nada mais nada menos do que a D&B – advocacia. Ricos, poderosos e influentes.
Não que eu me importasse comigo, mas seria ótimo se eu fizesse amizade com eles e conseguisse depois um emprego para a minha querida irmã Jane, uma advogada recém formada super competente e sem nenhum pingo de sorte.
Eu não queria que eles se interessassem por mim, mas desejava estar bonita para causar impacto, para ser notada. Por que por mais que as pessoas teimem em dizer que a aparência não importa, eu bem sei que tudo se torna mais fácil e as portas se abrem quando eu me visto para arrasar. Quando eu me sinto poderosa, as pessoas acreditam que eu sou mesmo poderosa.
- Então? Para onde nós vamos? – entramos em sua Mercedes Negra, reluzente de tão limpa.
Não o George não era um mal partido e eu me divertia com ele. Mas ele não era o homem certo para mim. Aliás, eu tinha plena convicção que o homem certo para mim não existia. Pelo menos eu nunca o tinha conhecido.
Por que eu não me contentaria com pouco. Eu queria tudo: amor, uma paixão arrebatadora, amizade, companheirismo. Um homem que me fizesse ofegar e perder o fôlego com apenas um beijo. Que me deixasse arrepiada e gelasse o meu estômago. Que me fizesse sentir tudo e ao mesmo tempo eu sentisse que a vida sem ele não significaria nada. Eu não me contentaria com pouco. Não mesmo.
E a menos que esse homem aparecesse na minha vida e caísse no meu colo de pára-quedas, eu me sentia ótima sozinha. Curtia a minha liberdade e vez ou outra eu me divertia com os homens errados. Mas nunca enganava ninguém. Eles sabiam – como o George sabia – que eles só eram um passatempo para mim.
E nisso a gente se dava bem – eu e o George – por que ele não queria compromisso, assim como eu. E costumávamos nos encontrar para nos divertir. Riamos muito, bebíamos, saiamos para dançar, e sempre terminávamos a noite no apartamento dele ou no meu. Ele era gostoso, tinha uma pegada ótima. O sexo era maravilhoso.
- A minha empresa alugou um salão de festas no Plaza.
- Nossa, que chique! Eu devia ter colocado um vestido longo? – eu brinquei. De qualquer forma, eu não mudaria de roupa.
- Não. Você tá ótima mesmo, Lizzy. Linda.
- Obrigada – e eu sorri. – Vai ter muita gente?
- Muita gente.
- E a Charlotte?
- Também vai.
- Que bom. – esfreguei minhas mãos, satisfeita – Faz um tempão que eu não a vejo.
Ele estacionava o carro.
- Um último beijo? – eu propus ainda dentro do carro.
- Último, por quê? – ele indagou levemente confuso.
- Ah, George. Vai ter mil conhecidos teus lá dentro. Não quero te deixar preso. Mais tarde se a gente quiser, a gente fica junto. – e eu sorri, entortando meu lábio.
- Ok. – ele assentiu e aproximou seu rosto do meu com uma expressão meio maliciosa e então me tascou um beijão de língua.
Eu desci do carro e ajeitei minha bolsa preta sobre o ombro, empinei meu nariz e entrei de braços dados com o meu amigo-colorido George Wickham.
No mesmo instante em que eu coloquei meus pés no salão de festas, arrependi-me imediatamente de ter ido àquela festa. Gente rica e esnobe. Disfarcei uma careta.
Que diabos eu estou fazendo aqui? – eu pensei, tentando me recompor.
Que gente mais engomada e cheia de frescura! Meu Deus do Céu!
Lizzy. Acalme-se. Respire fundo. Pense na tua irmã. Nos contatos que você pode fazer nessa festa. A Jane é tímida, você não. Você pode fazer por ela o que ela mesma não pode. Você ama a sua irmã, ela vale esse sacrifício. E você é forte. Tirará isso de letra.
- Quem é William e quem é Charles? – indaguei ao George.
- O Charles é aquele ruivo lá naquela roda grande. – apontou para um carinha que matinha no rosto um sorriso simpático. Seus grandes olhos verdes pareciam iluminar o ambiente.
- E aquela ruiva parecida com ele? Com cara de quem comeu e não gostou? Tem um jeitão de chata.
- Rá! – ele riu, jogando a cabeça para trás. – Não é só o jeito, Lizzy. Ela é a maior mala. Extremamente irritante.
- Hum. – desconfiei de seu modo de falar – Mas você já ficou com ela, não foi?
- Você não deixa escapar nada, não é? – ele debochou.
- Hum hum.
- Nós ficamos algumas vezes.
- Ela está olhando para cá. – eu observei. – E se continuar me analisando desse jeito vou lá tirar satisfações. – eu brinquei. – Perguntar se ela quer briga.
- Há-há-há. Implicante. Ela só está analisando a concorrência.
- Concorrência? Por acaso ela está interessada em você?
- Eu mim não. Mas ela é bonita. Reparou? E você é uma das únicas mulheres da festa que é páreo para ela.
- Ah é? E ela está interessada em quem? – arregalei meus olhos e sorri com uma expressão marota. Mas o George me conhecia bem.
- Em William Darcy, mas ele não é para o teu bico, Lizzy.
- Por que não? – eu retruquei. Eu adorava um desafio. – Ele é esnobe demais para ficar com alguém que não seja do mesmo nível social do que ele?
- Sim.
- Ah.... – eu fiquei boquiaberta.
- Mas não só isso, Lizzy. Ele é esnobe demais para ficar com qualquer mulher.
- Então ele é gay?
- Não, Lizzy. – e ele gargalhou. – Só arrogante, prepotente e antipático.
- E ele é bonito?
- Não acho homem bonito, Lizzy.
- Ah, fala sério! Então ele é boa pinta? – eu ironizei.
- Talvez.
- Cadê ele?
- Hum... – ele começou a observar - Naquela parede sozinho.
- Onde?
E ele apontou discretamente para um homem escorado numa parede num canto quase imperceptível.
- Ah! – fiquei sem palavras! Ele era incrivelmente lindo! Com aquele ar displicente de quem não quer se misturar. Sexy e charmoso, mesmo de cara amarrada. Alto, moreno, bem vestido. Roupas de ótimo caimento, de incrível bom gosto. – Nossa! – foi só o que eu pude dizer.
- Fecha a boca, Lizzy. – o George me cutucou, enciumado.
- Ah, pará, George. – eu o repreendi. – Vou dar uma circulada.
- Ok.
E eu me afastei. Avistara Charlotte, a minha querida amiga de infância.
- Charlotte! – ela estava com uma roda conversando com algumas pessoas. Fui devidamente apresentada e conversei bastante com elas. Adorava conhecer gente nova e tinha facilidade para fazer amizade.
- Lizzy, vem cá – ela me afastou para um canto, para conversarmos com privacidade.
- Champanhe. – agarrei minha segunda taça da bandeja de um garçom. E ela também pegou uma.
- Lizzy, preciso da tua ajuda!
- Minha ajuda? Para que?
- Preciso conhecer um carinha. Faz uns quatro meses que a gente paquera, só que nunca trocamos uma única palavra.
- Hum...
- Vai lá e conversa com ele para mim? – ela suplicou.
- Eu? Como assim?
- É Lizzy. Você sempre teve facilidade para conversar com estranhos. Conversa com ele e depois me apresenta, como quem não quer nada.
- Hum... Como é o nome dele?
- Tom. Tom Collins
- Collins? – franzi a testa, pensativa – Quem é ele?
Então ela apontou para um baixinho meio feioso que conversava e ria com Charles Bingley. Perfeito! Já mato dois coelhos com uma cajadada só.
- Ótimo! – entusiasmada, eu comecei a andar, puxando a minha amiga pela mão. Senti que ela não queria ir, mas para não fazer feio começou a caminhar normalmente nas minhas costas quando viu que não teria alternativa.
- Tom? Tom Collins? – eu me aproximei dos dois.
- Sim? – ele então me olhou.
- Não lembra de mim? – e eu sorri. – Elizabeth Bennet!
- Prima Lizzy?
- Hum rum. – eu confirmei e estiquei minha mão para cumprimentá-lo. Maravilha! Já uni Charlotte a ele e aproveitei para conhecer o Charles. Logo eu e o Charles riamos. Conversando e dando risada como os dois melhores amigos do mundo.
- Venha, Liz. – após mais algumas taças de champanhe e muito papo furado ele já me tratava pelo apelido. Puxou-me pela mão e eu então me vi diante daquele mesmo homem carrancudo.
O frio no estômago! Sério! Meu estômago congelou diante da presença daquele homem. Mas o que é isso! Só podia ser brincadeira ou efeito do champanhe. Mas de qualquer forma, eu precisava descobrir. O frio no estômago não deveria ser ignorado. Eu sempre bebia, e meu estômago nunca congelava assim.
E se eu o tocasse, será que ficaria arrepiada? Eu definitivamente precisava saber!
- Esse é meu amigo, William Darcy.
E ele apenas me deu um grunido como resposta. Ah, fala sério! O homem que congelou meu estomago nem olha para mim? Mas vai ter que olhar!
Ele pode ser antipático, mal educado e anti-social o quanto quiser, só não pode sair congelando estômagos alheios!
- Prazer, William. – e eu me coloquei na pontinha dos pés e dei um beijo no rosto dele.
Ele mal se mexeu. Ah, fala sério! Sua estátua ambulante e sem sentimentos! Não pode sair congelando estômagos alheios e deixando mulheres arrepiadas dessa maneira! Sim, que ridículo! Ele me arrepiou! Eu mal toquei no seu rosto com meus lábios e fiquei toda arrepiada!
E se ele for o homem certo? O homem pelo qual eu esperei a minha vida inteira? Eu preciso descobrir! Preciso beijá-lo na boca para ver se ele me tirará o fôlego. Mas eu duvido muito. Beijá-lo deve ser o mesmo que beijar uma estátua de mármore. Uma pedra fria e dura.
Fiquei olhando fixamente para ele, com um pouco de raiva. Nem disfarcei. Desculpa, foi sem querer. Mas eu estava irritada mesmo.
- Quer alguma coisa? – ele indagou. A forma que eu o olhava não devia ser normal.
- Você é sempre antipático assim?
- Há-há-há. – o Charles gargalhou de maneira escandalosa. Já devia estar bêbado. – É sim, Lizzy. Ele é sempre antipático assim. Há-há-há. Essa foi boa. – e ele continuava rindo.
Vi que o William ficou um pouco sem jeito.
- Bom, se você quiser a gente pode se apresentar de novo e você terá uma chance de se redimir.
- E se eu não quiser? – ele respondeu ainda sério.
- Então você só confirmará que é antipático mesmo. Nada demais. – dei um novo gole da minha bebida e fingi casualidade.
- Hum... – ele ficou pensando, com a mão apoiada sobre seu queixo. Queixo bonito, mão bonita. Ah, qual é, Lizzy? Ele é todo bonito. E olha a boca dele. Que boca! Admita que você adoraria beijá-la.
- Ou você acha que só por que é rico e bonito é auto-suficiente e não precisa de amigos? Bom, se esse for o caso, desculpe por importuná-lo e por tomar o teu tempo.
- Você me acha bonito? – ele deu um leve sorriso, debochado.
- Há-há-há – o Charles riu novamente.
- Sim. Acho sim. – eu não tinha a menor vergonha de admitir – Mas você é tão carrancudo!
- Prazer, meu nome é William Darcy. – surpreendentemente ele estendeu a mão de maneira simpática agora. E eu fiquei olhando um tempo para aquela mão estendida.
Isso está mesmo ficando perigoso. Talvez você deva virar as costas e ir embora, Lizzy. E se ele for mesmo o cara certo? Você não estava muito bem e feliz achando que ele não existia?
- Então? Eu não tenho mais a chance de me redimir?
- Não sei. – droga. Eu não sabia como agir. O que havia de errado comigo? Eu era firme sempre. Nunca nenhum homem me fez fraquejar. Nunca.
- Venha. - eu aceitei a mão dele e o arrastei pele salão. Fomos até a área externa, num pequeno jardim.
- O que você quer? – ele indagou ao se ver sozinho comigo. Longe dos olhares de curiosos. Tinha no rosto um ar de deboche.
- Vou te dar a chance de se redimir.
- Ah é? – e ele sorriu. Nossa! Que sorriso mais lindo!
- Hum rum. – eu apenas respondi. Mas não disse mais nada. Apenas olhei no fundo dos olhos dele.
Só o que eu sabia é que eu precisava beijá-lo e que se ele não tomasse a iniciativa eu partiria para o ataque. Eu precisava saber se o beijo dele me tiraria o fôlego. Se ele era mesmo o homem da minha vida.
Por que ele me deixava nervosa, fazia o meu coração disparar, congelava meu estômago e me deixava arrepiada. E eu precisava saber! Não podia conviver com essa dúvida!
- Fica parado, William. Eu preciso fazer um teste. – tinha certeza que ele não tomaria a iniciativa.
- O que? – ele deve ter se assustado, azar. Mas eu não quis nem saber. Eu precisava descobrir que gosto ele tinha.
- Fecha os olhos. – eu me aproximei e sussurrei em seu ouvido.
E ele obedeceu. Sem o menor traço de resistência. E eu colei o meu rosto no dele. Toquei de leve meu lábio no dele. Mas não consegui prosseguir. Estranho. Pela primeira vez na minha vida, eu temia um homem.
E aquele leve roçar de lábios, me arrepiou inteira e me assustou. E eu ia me afastar e fugir dali, mas uma mão em minhas costas de impediu. Ele me apertou com força e então aprofundou sua boca na minha.
Como é que pode uma coisa dessas? Um homem que carrega no rosto uma mascara tão fria tem um beijo tão quente? Que paradoxo. Como pode uma coisa assim?
Nossa, que beijo! Nada de estátua parada, ele realmente sabia o que fazia. Sua boca colada na minha num encaixe perfeito. E o seu gosto... Poderia haver no mundo gosto melhor? Droga! Fiquei tonta. E sem fôlego. Sim, ele me fez ofegar com apenas um beijo! Droga. Ele só pode ser o homem certo. E agora? Eu faço o que? Era tão mais fácil antes, quando eu achava que ele não existia...
- Não! – eu esbravejei e interrompi o beijo. Gritando com o restinho de ar remanescente em meu pulmão.
- Não o que? – ele ficou novamente sério. Carrancudo e lindo.
- Você não pode sair beijando mulheres assim! Vou mandar te prender. – eu ameacei com um pouco de raiva. Eu não podia perder o controle.- Mas foi você que me beijou. – ele retrucou com aquele ar esnobe dele. Como eu podia achar alguém orgulhoso tão irresistível?- Eu comecei e você continuou.
- Então foi empate. – e pela primeira vez eu vi um sorriso naquele rosto. Lindo. Ele ficava tão lindo! E de novo perdi o fôlego. E isso que nem me beijando ele estava. Só me segurava apertado e me encarava com aqueles olhos de um azul intenso.
- Me solta. – eu grunhi, me debatendo.
- Não. – ele simplesmente respondeu, novamente sério. E de novo colou seus lábios nos meus.
Droga. Tentei resistir, mas não deu. Era muito, mas muito bom.
Que droga – eu resmunguei, escondendo minha cabeça em seu peito.- O que foi? – ele sussurrou baixinho em meu ouvido.
- Eu sabia que eu não devia ter vindo a essa festa. Eu sabia! – então subi meu rosto e olhei para ele – E agora? Como eu vou conseguir viver sabendo que você existe?
- Como assim? – ele sorriu um pouco confuso.
- Me solta, eu quero ir para casa. – recomecei a me debater.
- Não. – ele novamente me apertou em seus braços.
Então uma idéia louca me veio a cabeça.
- Quer ir para casa comigo?
- Para minha casa.
- Não. Para minha. Eu moro no subúrbio. Meu apartamento é apertado e bagunçado. É pegar ou largar.
- Não. – ele mal disfarçou uma careta ao ouvir a palavra subúrbio. Filhinho de papai e esnobe! Como ele pode ser o homem certo? Eu só posso estar louca. Completamente insana. – Para minha casa. – ele repetiu.- Não vou. – eu bati pé, decidida. Não ia para território inimigo nem a pau.- Então ficaremos aqui.
- Não. Eu vou embora. – mas ele não me soltava. Então eu me irritei de novo - Eu te odeio!
- Você é louca. – e ele gargalhou. O homem certo e carrancudo agora ria da minha cara. Perfeito! E seus dentes eram lindos. Como tudo nele.- Sim, mas eu era feliz. Não devia ter vindo a essa festa. Eu te odeio mesmo.Então ele calou minha boca com um beijo. E eu amoleci em seus braços. Dessa vez não tentei me soltar e nem me debati. Fiquei completamente inerte. E entregue também. Eu queria aquele homem, com todas as minhas forças. E era algo tão forte contra o qual eu não poderia lutar.
- Então vamos para um território neutro. – ele propôs.
- Um motel? – e agora quem fez uma careta fui eu. Que nojo! Um motel. Um local onde muitos transam e largam fragmentos de seus corpos por lá. Cheio de suor e de sêmen por todos os lados. Não mesmo. Eu não era mulher de motel.
- Hum rum. Eu quero você. – ele afirmou com aqueles olhos azuis penetrantes. Nossa! Eu senti como se ele furasse meu corpo apenas com o olhar. Meu coração se acelerou como nunca. Descompassado. Irregular. Eu estava prestes a ter um ataque cardíaco.
Sim, eu o queria também. Muito. Mas e se ele fosse mesmo o homem certo? Como eu viveria sem ele depois? Seria tão difícil! Não era melhor me privar logo disso e imaginar como seria do que lembrar com saudade de como foi pelo resto da vida? E se depois ninguém chegasse ao pés dele e eu não me contentasse com mais nada? Era um risco que eu estava disposta a correr?
Eu sempre fiz o que quis. Sempre tive os homens que eu desejei. Nunca me importei com as conseqüências até por que não me importava com eles. Mas agora era algo tão intenso que me assustada. Eu não estava preparada para isso. Não mesmo. Devia ter um manual nos orientando para quando isso acontece.
- Não! Eu vou embora. Eu te odeio mesmo. – dessa vez a raiva estava estampada em meus traços. E ele deve ter se assustado, pois acabou me soltando.
- Pelo menos me dá teu telefone?
- Não.
- Hum... – ele ficou sério.
E virei minhas costas para ir embora, mas algo me fez voltar.- Se quiser pede para o George Wickham, o teu amigo. Ele tem. – e eu ri. Um riso estranho, pois eu estava nervosa.
Rapidamente, me despedi dos meus amigos. Tantos os novos como os antigos. Delicadamente descartei o George e peguei um táxi. Depois de conhecer o homem certo, os homens errados não tinham mais a menor graça.

O Homem Certo - História de Tânia - Capítulo 2





Capítulo 2

Entrei na conhecida Mercedes Negra reluzente.
- Então? Como foi o fim de semana em Caxias, na festa da uva?
- Ótimo. Bebi muito vinho. Comi muito queijo. Me diverti bastante.
- Legal. – e eu dei um sorriso leve.
- Não se arrepende de não ter ido comigo, Lizzy?
- Hum hum. Por quê? Você sentiu minha falta? – eu impliquei.
- Não muito, na verdade. A minha segunda escolha também era uma companhia agradável. Não me deixou muito tempo livre para pensar. Se é que você entende. – fez uma expressão que sugeria sacanagem.
- Há-há-há. Você não presta, George.
- Só me divirto. Afinal, a vida é curta. E você nem merecia um novo convite meu, depois de ter me deixado na mão sábado passado.
- Você jura que eu era mesmo a primeira escolha? – eu brinquei.
- Era mesmo.
- Ahãm, sei.
- Por que não? Você é ótima, Lizzy. E não enche meu saco depois com cobranças. Não se apega como as outras mulheres. Até penso que você é uma versão feminina de mim. Além disso, é muito gostosa. – e ele gargalhou.
- Hum... – eu franzi minha testa e emudeci.
- Tem certeza que quer mesmo sair para dançar? Não quer ir ao meu apartamento?
- Não.
- Você está estranha, Lizzy. Quando vai me contar o que aconteceu no sábado?
- Depois, lá dentro.
- Promete?
- Hum rum.
Entramos na casa noturna. Ainda estava pouco movimentada e a música soava baixa, apesar de ser bem agitada. Sentamos numa mesa central, com lugares disponíveis para quatro pessoas. E como ninguém mais chegaria, ocupei uma das cadeiras extras com minha bolsa e meu casaco.
- O que quer beber? – ele indagou, casual.
- Caipirinha.
- Uma para cada ou a gente divide?
- Uma para cada.
- Você quer encher a cara, não? – ele brincou.
- Hum rum. – eu concordei e sorri.
Após meia caipirinha e um pouco de papo furado, eu indaguei:
- George, se você desse de cara com uma paixão arrebatadora ou um amor a primeira vista, não sei bem, você fugiria ou mergulharia de cabeça?
- Que pergunta, Lizzy! É Lógico que eu fugiria! A vida está tão boa assim, para que complicar?
- Pois é! Foi o que eu fiz! Eu fugi. Devo ter parecido uma criança medrosa, mas eu me assustei e fugi. Só que ele me persegue tanto, George! Ele não sai da minha cabeça.
- Ele não sai da tua cabeça? E como foi que você permitiu que ele entrasse? – ele brincou.
- Não sei, não sei. – eu resmunguei e baixei meus olhos para o copo. - A culpa foi tua, não devia ter me levado àquela festa.
- Rá! Eu disse que você estava estranha! Quem é ele?
- Advinha.
- Charles Bingley?
- Não.
- Tom Collins?
- Não!
E ele foi dizendo vários nomes, e eu sempre negando.
- Já sei! William Darcy! – ele exclamou.
- Hum rum. – eu assenti com um movimento de cabeça.
- Rá! Então você está ferrada! Ele não dá mole para ninguém. – ele estava achando engraçado.
- É... Mas a gente se beijou e...
- QUE? – ele agora gritou e várias pessoas viraram para nos olhar – Peraí, peraí, peraí. Um momento. – e ele se levantou de maneira dramática – Eu ouvi bem? – esfregou as orelhas, brincalhão – Você beijou o Darcy?
- Sim. – eu sorri meio sem graça.
- Não, não, não, não. Algo está errado nessa história. Você o amarrou e o beijou a força?
- Não né!
- Então você o ameaçou com um chicote?
- Há-há-há. Claro que não.
- Colocou um revolver na testa dele e ameaçou disparar caso ele não te beijasse?
- Claro que não! Para George, não é legal rir das desgraças dos outros.
- Eu sei. Desculpa – ele então respirou fundo e voltou a se sentar. – Você beijou o Darcy... – ele revirou os olhos, tentando assimilar a informação. – Poxa, Lizzy! Não podia escolher outro cara ao invés do meu chefe? – agora parecia chateado.
- Teu chefe? É sério? Eu achei que ele fosse teu amigo.
- Hum hum. É meu chefe. A gente não se dá. Aliás, ele não se dá com ninguém com exceção de Charles Bingley.
- Nossa, tô ferrada mesmo. – resignada, apoiei meus cotovelos sobre a mesa. – Teu chefe... E ainda antipático... – e eu suspirei.
- Então. Como foi?
- A gente se beijou.
- Essa parte eu já entendi.- ele resmungou meio mau humorado.
- E ele me convidou para ir até a casa dele.
- Sério? – novamente seu rosto se contraiu com incredulidade. – E você não foi?
- Não.
- Por quê?
- Por que eu me assustei, George. Foi tão forte! Eu não estava preparada para aquilo e pensei que seria mais fácil se eu fugisse. Mas não está sendo nada fácil! Nada mesmo.
- E o que você pretende fazer?
- Não sei. Esperava que você me desse alguma sugestão.
- Eu? Você por acaso espera que eu te ajude a ficar com o meu chefe? – indagou perplexo.
- Hum rum. Você é meu amigo.
- Sou mais do que amigo. – ele cruzou os braços e resmungou.
- George! Não é hora para ter ciúmes. Você sabe como é difícil para mim me abrir com alguém.
- Eu sei. – ele grunhiu. – Mas você escolheu a pessoa errada para isso.
- Não. Não escolhi não. Você é legal. É meu amigo. E está sempre para frente e de bom humor. Você me diverte e me anima.
- Eu sou legal. – estufou o peito, meio convencido. – Diz que eu sou gostoso também.
- Exibido. – e eu ri – Você é super gostoso, George. – e eu belisquei a coxa dele.
- Abusada. – ele brincou – Se quiser pode beliscar o resto também. – ele propôs, meio cafajeste.
- Não.
- Não? – ele enrugou a testa e fez cara de cachorrinho pidão – Não me quer mais?
- Não, George. Não seria justo a gente ficar junto quando eu estou com outro homem na minha cabeça.
- Nunca mais?
- Não sei.
- Poxa, Lizzy... Você é tão gostosa. Não faz isso comigo.
- Mas sou descartável.
- Como assim?
- Você sempre me disse que as mulheres são descartáveis, George.
- São mesmo. – ele se inclinou para trás com as mãos sobre a cabeça e riu.
- Vamos dançar? – uma música irresistível começou a tocar.
- Peraí, não acabamos de conversar.
Então ele pediu outra caipirinha.
- George, você por acaso não está planejando me embebedar para me levar para cama, não é mesmo?
- Claro que não, Lizzy. Eu só abuso de mulheres sóbrias... - e eu fiz uma careta - ou de bêbadas afim de mim.
- Há-há-há. Maluco. – fiz uma pausa, pensativa – Ele pediu meu telefone.
- E não te ligou?
- Eu não dei.
- Por que não?
- Sei lá. Fiquei com medo. Mas disse a ele que se ele quisesse era só pedir para ti.
- Para mim? Há-há-há. Pode esquecer isso, Lizzy.
- Por quê?
- Você acha que ele iria se rebaixar, orgulhoso do jeito que é, e pedir teu telefone para um funcionário qualquer?
- Você não é um funcionário qualquer.
- Mas ele não sabe disso. – e ele sorriu.
- Hum... Pelo visto escolhi bem... Um homem orgulhoso e arrogante. Um desafio e tanto. – e eu suspirei.
- Lizzy! Pensei em uma coisa que seria interessante para mim.
- Hum? – ele me deixou intrigada.
- O Darcy é mesmo muito mal humorado, arrogante e esnobe e eu sempre pensei que o problema dele fosse falta de mulher. Melhor dizendo: falta de sexo! E agora eu cheguei a conclusão que você pode facilitar a minha vida.
- Hum?
- Por favor, Lizzy. – ele esticou os braços sobre a mesa e me sacudiu - Dê um trato nele! Faça o meu chefinho feliz! Pelo bem de todos os seus reles subordinados. Por favor?
- Você quer que eu vá contigo no teu trabalho e arranque as roupas do teu chefe no escritório dele? – eu debochei.
- Você faria isso por mim?
- Lógico! Com o maior prazer! – e eu sorri.
- Maluca.
- Maluco é você.
- Segunda-feira. Esteja lá às 10 horas da manhã. Tenho esse horário a tua disposição.
- Tá bom.
- Você vai mesmo?
- Hum rum. De manhã tenho uma reportagem fora do jornal. Vou a campo tirar umas fotografias. Ninguém perceberá se eu der uma escapadinha.
- E você terá coragem de entrar na sala dele?
- Você duvida?
- Lógico que não. Você é a maior cara de pau que eu conheço.
- Hum hum. Você é pior do que eu, George.
- Eu sei. Só estava esperando que você me elogiasse. – e ele riu.
E eu acabei meu segundo copo de caipirinha.
- Vamos dançar? – de novo eu propus.
- Vamos. – e ele caminhou pelas minhas costas até a pista de dança. Chegando lá me enlaçou pela cintura. Roçou o nariz no meu pescoço. – Lizzy... – ele murmurou ao meu ouvido. – Já que você será a mulher do meu chefe e não estará mais ao meu alcance, será que pode me dar um último beijo?
- George! Eu não serei a mulher do teu chefe. – o repreendi.
- Será sim. Ele não resistira a ti Lizzy, nenhum homem resiste.
- Nem você? – eu me virei de frente para ele e indaguei, perspicaz.
- Hum hum. Um último beijo e eu faço o que você quiser. – ele brincou, fazendo uma reverência.
- Ok.
E eu o beijei. Que mal havia nisso? Já o havia beijado mais de mil vezes. Mas de alguma forma, não era mais a mesma coisa. Não era mais bom. Era estranho.
Depois de conhecer o homem certo, os homens errados não tinham mais a mesma graça.

O homem Certo - História de Tânia - Capítulo 3





Capítulo 3

- Achei que você não viesse. – ele resmungou, impaciente.
- George! Mas são dez em ponto! – eu retruquei, achando graça.
- Mas você não é do tipo pontual, Lizzy. É do tipo pelo menos quinze minutos adiantada.
- Ah, é verdade. E se não fosse o trânsito infernal e a burocracia para subir no teu prédio, eu não teria perdido tanto tempo. Só faltou pedirem meu tipo sanguíneo e meu extrato bancário para me deixarem entrar. – eu bufei. – Aliás, se tivessem pedido meu extrato bancário, eu teria sido barrada ainda na porta.
- Falando nisso, qual o teu tipo sanguíneo? – ele brincou.
- O negativo. Sou doadora universal.
- Eu bem que desconfiei, Lizzy. Que você doasse para todo mundo. – ele debochou e sorriu de forma implicante.
- Rá-rá! Muito engraçadinho. – e eu bati nele com o meu casaco.
- Nossa! – pendurei meu casaco no cabide que havia no canto da sala, revelando meu traje de baixo. Uma calça jeans que realçava meu corpo e uma blusa preta com um decote provocante. O que deixou o George boquiaberto. – Mudei de idéia, Lizzy. Não vou mais deixar você ir à sala do Darcy.
- Por que não?
- Você vai ficar aqui comigo. – ele chegou na minha frente, me prensando contra sua mesa.
- Para, George. Contenha-se. Deixa de ser tarado. – e eu o afastei para o lado.
- Não posso, Lizzy. Isso faz parte da minha essência. – e ele riu – Aliás, manda lembranças minhas a Isadora, a secretária gostosa do chefinho.
Ele então me explicou onde ficava a sala de William Darcy e segui na direção indicada. Firme, forte e decidida. Agora, eu sabia o que eu queria. Não fugiria mais.
- Sim? O que você deseja? – uma loira sensual me recebeu. Seu tom de voz destoava de sua expressão. Sua voz era forçada, na tentativa de forjar simpatia, enquanto seus olhos me encaravam e me analisavam como se eu fosse uma inimiga.
- Gostaria de falar com o Sr. Darcy. – tentei fazer com a minha voz soasse como a dela, embora minha expressão não fosse tão carregada.
- Você tem hora marcada? – consultou uma agenda que havia em sua frente.
- Não. Mas sou uma velha amiga dele. Creio que ele gostaria de me receber.
- Hum... Lamento. – até parece que ela lamentava... Sua lambisgóia nojenta! - Ele só recebe com hora marcada. Quer deixar teu nome?
- Um recado?
- Pode ser também.
- Se eu fizer um recado você pode entregá-lo agora? – tentei ser simpática. Eu precisava da ajuda daquela asquerosa – Por que só vou ficar na cidade hoje e eu gostaria de vê-lo.
- Entendo. Posso entregá-lo sim. E se ele estiver disponível, ele a receberá. – Ela quis dizer: se ele estiver afim de te receber, como eu tenho certeza que não estará...
- Papel e caneta? – eu solicitei forçando um sorriso. Em poucos minutos, já esgotara minha dose diária de cinismo.
- Aqui está.
E eu sentei numa das duas poltronas brancas e macias disponíveis e escrevi:
“Estou na sala do George Wickham nesse momento. Tentei de ver, mas tua secretária não permitiu. Preciso falar contigo. Se puder, mande-me chamar na sala dele. Te esperarei por cinco minutos. Não posso ficar mais do que isso. Desculpa por ter dito que eu te odiava. Era mentira.
Beijos, Elizabeth Bennet.”
Pronto. Era isso. Arriscado, azar. Mas eu não tinha nada a perder.
Então dobrei o papel bem dobrado para que ela não pudesse ler. Ela o pegou e o colocou ao seu lado, sem a menor menção de entregá-lo durante os próximos minutos.
Cruzei meus braços sobre o meu peito.
- Será que você pode fazer isso agora? – eu sacudi o bilhete – Por favor, é importante.
- Só um minuto.
Mas eu fiquei parada na frente dela, firme e rígida, como uma estátua.
- Ah, que legal. Deixa eu ver o que você está fazendo. – fingi interesse e tentei bisbilhotar o trabalho dela, tal como eu odiava que fizessem comigo. Ela revirou os olhos, impaciente. E rapidamente se levantou e foi até a sala dele.
Ah! – e eu sorri, vitoriosa. Devia ter saído dali, mas algo me impediu de me mover e me fez esperar por ela. Não sei por que.
- Oh! Você ainda está ai. – ela fingiu surpresa. – Tudo bem, me poupa do trabalho de ir até a sala do George. Você pode entrar agora.
Sério!? Meu peito se encheu de alegria, empolgado. E meu estomago se revirou, nervoso. Mas eu não demonstrei. Não daria o braço a torcer na frente daquela loira aguada.
- Obrigada – mas não pude evitar. Meu sorriso vitorioso escapou sem que desse tempo de barrá-lo.
Quando eu entrei na sala, ele estava parado em pé, em frente a janela e de costas para mim. E se mexia de maneira agitada. Parecia nervoso.
Pronto! Meu nervosismo acabou. Ele parecia tão indefeso! Uma presa fácil. E eu o queria. Agora eu sabia.
Tranquei a porta da sala dele. Ele ouviu meus passos e não se virou. Eu era uma aranha prestes a atacar. Eu teceria uma teia ao redor dele e ele seria incapaz de escapar.
- Você não devia ter vindo... – ele murmurou, sem desviar os olhos da janela.
- Então por que você me deixou entrar?
- Eu não sei. – e enfim ele me encarou com aquele lindo par de olhos azuis.
- Por que você não me tirou da cabeça desde sábado, não é?
Ele me olhou e não disse nada. Parecia surpreso. Triste e perdido. Como um cãozinho sem dono.
- Você sabe que a gente não deveria, mas não consegue me esquecer, não é? – eu falava por mim. Mas via no rosto dele que ele se sentia da mesma forma. – Tudo bem. A gente pode dar um jeito nisso agora.
- Não. – ele tentava soar firme, mas suas feições traiam seu real sentimento.
- Eu também não queria isso, sabia? – eu já me aproximava dele, colando meu corpo pelas suas costas. – Mas não tem um único dia que eu não acorde e não pense em como poderia ter sido se eu tivesse aceitado o teu convite.
Ele respirou fundo e não fugiu de mim. Eu era cruel quando queria. Meus braços das suas costas passaram para frente. E eu circulei o seu corpo me enroscando nele como uma cobra e fiquei em sua frente.
Ele mantinha-se rígido e então fechou os olhos, evitando meu olhar.
- Covarde! Olhe para mim e negue que me quer. – silêncio – Abra os olhos, William.
Então ele abriu. E não demorou um segundo sequer do instante que ele abriu os olhos até o momento que seus lábios se apossaram dos meus.
- Eu te quero, Lizzy. Eu te quero tanto! – ele desabafou entre beijos urgentes. Seus lábios devoravam os meus. Suas mãos invadiram por debaixo da minha blusa de forma afoita. Seu toque nos meus seios, na minha barriga, no meu pescoço. Tudo era intenso e forte com ele. Nossa! Meu estômago gelava, eu me arrepiava e ficava sem fôlego, tudo ao mesmo tempo.
- Eu te quero, William. Aqui e agora. Eu quero tudo. – de predadora eu passei a presa. Estava entregue.
- Não, Lizzy. Aqui não. – ele pareceu voltar a si e me afastou um pouco.
- Por que não? – eu supliquei. Eu precisava dele. Ele não podia me rejeitar. A rejeição doía tanto que ficara estampada em meus traços.
- Por que em cinco minutos eu receberei um cliente. – então ele explicou com um sorriso doce.
- Ah tá. – e eu relaxei - Vai lá em casa de noite?
- No subúrbio? – ele provocou.
- Hum rum.
- Vou sim. – daí ele pensou e foi olhar a agenda – Hoje eu não posso. Tenho um compromisso. Nem amanhã... Hum.... – continuou a folhear a agenda – Quem sabe quarta?
E enquanto ele estava de costas para mim eu tirei minha máquina fotográfica – meu instrumento de trabalho – da bolsa e aproveitei que ele estava distraído e tirei uma fotografia dele.
- Não! – ele colocou os braços sobre o rosto, para escondê-lo. – Você por acaso é repórter e veio aqui para me espionar e descobrir meus segredos?
Parecia uma piada, mas ele falava sério.
- Você é meio idiota, hein Darcy? – eu me irritei. – Por acaso tem mania de perseguição?
- Me dá essa câmera aqui!
- Claro que não! Estão as fotos do meu trabalho!
- Então eu vou chamar os seguranças, para te arrancar a força.
- Idiota! Não sei como eu pude me interessar por você! Só posso ter problemas mentais para achar que você é o homem certo.
- Hum?
- Você nem considerou a hipótese de eu estar apaixonada por você e querer um foto de recordação, não é? Já vem com uma idéia absurda que eu sou uma repórter espiã! Não é isso?
- Hã...
- Idiota, débil mental. Você é doente, Darcy. O mundo não gira na tua volta. Você pode ser o dono dessa empresa, mas não é o dono do mundo.
- Só estou cansada de pessoas aproveitadoras... É difícil ser rico Lizzy, a gente nunca sabe em quem confiar... – ele baixou a cabeça, envergonhado. – Desculpa...
- Tudo bem. Vou te dar um trabalho a menos. Não precisa confiar em mim, já que nunca mais nos veremos.
- Não. – ele me segurou pelos braços, impedindo a minha saída. – Eu acho que também estou apaixonado por você.
- Ah é? – então eu sorri e voltei para a frente dele.
- Embora eu tenha lutado contra isso...
- Eu também.
- Você lutou contra isso? Por quê? - e ele novamente soou arrogante. Como se perguntasse como alguém teria alguma objeção a respeito de gostar dele. Como se ele fosse o máximo. O melhor partido do mundo.
- Ah! – eu logo percebi – E você lutou contra isso por quê?
- Eu perguntei primeiro. – ele ainda segurava meu braço.
- Por acaso por eu não ser adequada a você? Por você ser tão rico e eu não? E como você sabe sobre a minha família? Você não sabe nada sobre mim!
- Sei sim. Eu pesquisei.
- Idiota! – e eu puxei meu braço com força, me desprendendo dele.
- Teu nome não consta na lista telefônica.
- Não.
- Eu procurei.
- Meu telefone está no nome da minha irmã. – eu retruquei.
- Que irmã?
- Pesquise e descubra!
- Tá bom. – e ele sorriu.
Eu estava tão irritada! Sai batendo os pés, tamanha a minha fúria. Ao alcançar a porta, decidi voltar:
- Você me irrita muito! Argh! – eu rosnei enfrentando-o novamente - Mas tenho uma última pergunta.
- O quê? – ele estava escorado na escrivaninha e apesar de eu estar morta de raiva, eu ainda o desejava.
- Você é capaz de fazer sexo sem falar?
- Há-há-há. – ele então gargalhou.
- Se a resposta for sim, eu ainda te espero lá em casa quarta a noite.
- Tá. – ele assentiu com a cabeça.
- Mas na primeira palavra eu te expulso da minha casa. – eu ameacei.
- Tá bom.
- As 20 horas.
- Ei? Não vai me dar teu endereço?- Não vou ser tão fácil assim. Pesquise. Pesquise e descubra, William.

O homem certo - história de Tânia - Capítulo 4




Capítulo 4

Quando um homem vem à nossa casa é de praxe que devemos oferecer algo a ele. Um prato de comida? Um vinho? Devo ser educada e seguir os protocolos a risca ou seria muito deselegante se eu o atacasse ainda na porta? E se ele ficasse com fome depois?
Por via das duvidas, optei por cozinhar uma lasanha. Até por que havia a chance dele não vir. Daí eu me contentaria com a minha lasanha preferida.
E que roupa colocar? Eu estou em casa, não faz sentido me arrumar. Mas quero parecer ser sexy sem dar na cara. Azar. Vou dar na cara mesmo. Eu quero sexo! Qual o problema em parecer sexy quando se pretende fazer sexo?
Olhei o relógio. Quinze para as oito. Sentei em frente à televisão e coloquei no meu DVD de música preferido: Ivete Sangalo. Depois do segundo cálice de vinho eu dançava sozinha no meio da sala. Não queria parecer muito ansiosa esperando por ele. Precisava me distrair.
A letra se encaixou feito luva nos meus ânimos: “Lembro daquele beijo que você me deu. E que até hoje está gravado em mim (...) Só penso em você, em querer te encontrar...”
E eu cantei, a plenos pulmões. Meus vizinhos já estavam acostumados com os meus momentos de insanidade.
Então a campainha tocou. Estranho. Não foi o interfone. O som não veio da portaria conforme esperado. Veio da minha porta mesmo. Mas como?
Eu abri a porta e me deparei com um homem alto, sexy, lindo, com lábios rosados e apetitosos e com um lindo par de olhos de um azul intenso que sorria para mim.
- Como você entrou? – eu indaguei, levemente entorpecida. A visão dele era estonteante.
Ele não disse nada. Só me entregou um vinho e um cartão.
Nele estava escrito: “Desculpe. Fui proibido de responder qualquer pergunta. Não posso falar nenhuma palavra.” - e fez com a mão gesto indicando: minha boca está selada.
- Rá! Você agora tem senso de humor? – eu ri e aceitei o vinho – Tá bom. Sei que você é um cara de poucas palavras, deve ficar confortável com o silêncio e ... – ele me interrompeu.
Só tive tempo de encostar a porta e colocar o vinho sobre a mesa. Nem tomei conhecimento. Ele me atacou!
Seus braços envolveram meu corpo de forma nada gentil. Ele tinha pressa. Ele tinha fome. Parecia que queria me engolir inteira. Da onde veio essa fúria toda? Fui eu que provoquei isso?
Que é isso? Tive que parar o beijo para respirar. Fala sério! Sim, ele só pode ser o homem certo. Ele sabe me pegar de jeito.
Seu lábio afoito, agitado, faminto, se movia sobre o meu. Sua língua invadia minha boca de maneira nada delicada. Ele era ótimo! Nossa! Eu sempre fui predadora, mas diante dele virava a presa. Um cordeirinho indefeso. E ele parecia o leão prestes a me devorar. E eu adoraria ser devorada.
Ele me entortou de uma forma ainda em pé em frente à porta que eu nem sabia que era possível. Com um braço firmava minhas costas para eu não cair para trás enquanto sua boca traçava um trajeto pelo meu pescoço, meu colo, até abocanhar meus seios ainda vestidos.
E eu estava amolecida em seus braços. Como uma marionete. Era só ele puxar as cordinhas certas para eu me movimentar conforme ele queria. Ridículo.
Afastei-me um pouco para respirar. Para voltar a ter um pouco de domínio sobre mim. Eu queria ser o leão e não o cordeiro.
Então juntei todas as minhas forças para abrir a camisa azul clara dele. Voou botão para todos os lados. E eu ri. Colei meu nariz no peito dele. Perfumado. Cheiro de banho e sabonete. Deslizei meu nariz desde o pescoço até próximo a virilha, tentando decorar cada cheiro do corpo dele.
Subi meu rosto de volta, no sentido contrário. De baixo para cima. Mordiscando sua barriga, seu peito, seu pescoço. Até grudar meu lábio no dele. Enfiei meus dedos entre seus cabelos com vigor, puxando-o para junto de mim. Agora era eu que queria engoli-lo. Eu queria tudo.
- Will?
- Shiiii... – ele colocou os dedos sobre meus lábios.
- Mas... – então ele me calou com um beijo.
- Eu também não posso falar?
- Hum hum...
- Eu... só... ia dizer... para gente ... ir para o quarto... – eu enfim consegui pronunciar entre os beijos. Ele não me dava descanso.
Então ele me pegou no colo sem interromper o beijo. E ainda no corredor, jogou minha blusa para longe. Atirou-me sobre a minha cama, e se inclinou sobre mim. Depois começou a lutar com o meu sutian. Uma briga injusta. Dez a zero para o sutian. E eu comecei a rir.
- Quer ajuda? – eu debochei.
- Não. – ele grunhiu e tentou abrir meu sutian com os dentes.
- Há-há-há. – eu não pude evitar. Eu tive que rir. – Quer uma tesoura? – eu brinquei me contorcendo de tanto rir.
- Fica quieta. – ele ordenou. Impaciente e concentrado no meu sutian.
- Ei! Você não pode falar! – ele me ignorou e me virou de bruços.
- Pronto! Você estão livres da prisão. – ele se curvou sobre os meus seios desnudos e falou com se conversasse com eles. – A propósito, vocês são lindos. Os dois.
Tive vontade de rir, mas essa passou em seguida quando senti a boca quente dele contornando meus mamilos. Nossa! E eu estremeci. Muito, mas muito bom.
- Will? – eu resmunguei de novo. Mas novamente ele não me deixou falar. Subiu a cabeça com seus lábios em fogo trilhando a linha do meu busto até a minha orelha, onde murmurou:
- Shiii...Quietinha. – sua língua circundou minha orelha e depois rumou em busca da minha língua. Ele era quente. Que paradoxo. O homem da máscara fria na verdade era uma chama ardente. Queimava. Cálido e picante.
E era lindo também. E gostoso. Saboroso. Pelo menos até onde eu tinha visto. Isso me lembrou que eu tinha algo a fazer. Eu queria ver mais.
Minhas mãos decididas e firmes baixaram do peito dele até a região da virilha. Apalparam. Alisaram. Ele era mesmo tudo! Másculo. Saudável. Rígido e intumescido. E pronto para a ação.
Meus dedos ágeis livraram as calças do cinto. Abriram a braguilha. Tiraram a cueca branca.
- Ah, Lizzy... – ele gemeu e disse o meu nome ao sentir meu toque. Isso foi o máximo.
Eu queria gritar quando ele invadiu minha parte sensível. Quando seus dedos roçaram e depois se esbaldaram em mim. Mas me limitei a cravar as unhas em suas costas.
- Eu quero um pedaço de você... – eu resmunguei com minha voz trêmula.
- E eu quero você inteirinha... – ele sussurrou com uma voz mansa e incrivelmente sensual. Nossa! Eu estremeci.
Sua boca feroz distribuiu beijos pelo meu corpo todo. Todo mesmo. E eu amoleci. Inerte e indefesa como um cordeirinho. Ele me tirava tudo. Meu fôlego. Minhas forças. Meu raciocínio. E me dava muito em troca. Batimentos acelerados. Arrepios pelo corpo todo. Fogo. Desejo. Tesão. Uma vontade louca de morrer ou de me unir a ele de uma vez. Tudo ao mesmo tempo.
Nossa! Que homem é esse? Ele é mesmo o homem certo? Nunca, mas nunca mesmo, ninguém teve esse efeito sobre mim. Eu só pensava: eu vou morrer se isso acabar e eu vou morrer se isso não acabar. Mas eu quero mais. Eu quero tudo! Eu quero morrer. Eu não me importo...
A boca dele depois de percorrer meu corpo grudou na minha boca novamente. Senti meu gosto em sua saliva. Meu gosto misturado com o gosto dele. Sua língua agora frenética e ensandecida. Se ele demorasse muito, eu imploraria por ele. Ele tinha razão. Eu não me contentaria só com um pedaço. Eu o queria inteiro. Se fosse possível, eu queria que ele entrasse inteiro dentro de mim.
Mas não precisei pedir, nem esperar. Meu homem certo sabia o que fazer. Meu homem certo se ajeitou sobre mim, afastou minhas pernas e num movimento único se enfiou para dentro de mim. Nossa!
- Tudo bem? – ele sussurrou no meu ouvido de forma gentil.
Abri os olhos e ele me encarava. Lindo, sensual e preocupado. Preocupado em me fazer feliz? Oh! Eu vou mesmo morrer!
Eu pisquei, tentando focar aquele rosto tão perto do meu.
- Sim... – podia ter dito: tudo ótimo! Tudo maravilhoso! Eu estou no paraíso, será que eu morri? Mas eu me limitei a dizer sim e a sorrir. Ele continuava encaixado em mim. E parecia tão feliz quanto eu. Nossa!
Por favor, tenha algum defeito! Por favor, faça algo errado! Ejaculação precoce? Qualquer coisa! Eu supliquei em pensamento. Caso contrário, não saberei mais viver sem você...
Mas ele não tinha defeito. Pelo menos não nesse sentido.
Ele era homem. Ele me dominava. Comandava. Virava-me do avesso. Se ele quisesse que eu plantasse bananeira, eu plantaria. Eu faria qualquer coisa. Eu me fatiaria em pedaços para satisfazê-lo. Mas ainda bem que ele não era adepto de maluquices. Duas ou três posições diferentes nos bastaram. E ele sempre perguntava se estava bom para mim. O homem certo era querido. Um sonho. O que reforçava a hipótese de eu ter morrido ainda no início e estar no paraíso.
Respirações aceleradas. Ofegantes. Movimentos sincronizados e cada vez mais intensos. Velocidade aumentando. Velocidade acelerada. Calor. Muito calor. Batimentos descompassados. E o ápice. Uma explosão. Fogo. Paixão. Arrebatamento. Acho que eu vi estrelas. Ou o teto desabou.
Então pausa. Hora do descanso. Respiração normalizando. Desacelerando. Corpos cansados e suados, agora lado a lado. E um silêncio gostoso. Ele deitado de barriga para cima, eu com uma perna e um braço enroscada nele. E eu adormeci. Exausta. Sem força.
Quando abri meus olhos alguns minutos depois ele me observava dormir, deitado ao meu lado. Tão tranqüilo, sereno e lindo.
- Oi... – eu me ajeitei melhor para olhá-lo.
- Oi. – ele respondeu num sussurro, no mesmo tom de voz que eu.
- Quanto tempo eu dormi? – me espreguicei e apoiei a cabeça em seu peito.
- Não muito. Uns vinte minutos.
- Ah... – eu bocejei – Eu tô com fome. – comentei já me sentando. – Vamos comer?
- Eu tenho que ir.
- Não! – Ops. Melhor não parecer desesperada e louca por ele – Quero dizer, eu fiz lasanha. Janta comigo antes de ir?
- Tá bom. – seu rosto estava meio avermelhado, seu cabelo desgrenhado, mas ele estava exageradamente sexy. Perigosamente sexy.
Ele sentou-se à mesa e eu o servi.
- Teu vinho tá quente – eu constatei ao observar a garrafa largada sobre a mesa – Aceita outro vinho?
- Depende do vinho.
- Ah é, esqueci que você é esnobe – eu alfinetei – Não devo ter nenhum que satisfaça seu paladar apurado.
- E eu esqueci que você é implicante. – ele retrucou. Mas estranhamente ele ria, bem humorado. Provavelmente o George estivesse certo e o problema de Darcy fosse mesmo falta de sexo.
Comemos em silêncio. Era melhor não falarmos nada. A gente se entendia melhor assim. De vez em quando a gente se olhava e sorria.
- Esse vinho é bom. – ele comentou rompendo o silêncio – E a lasanha também.
- É a minha preferida.
- Não é um pouco de pretensão ter sua própria lasanha como preferida?
- Mas sou eu que faço. Então eu coloco nela tudo que EU gosto. Qual o problema?
- Ainda assim é estranho. – ele comentou com um leve sorriso debochado.
- Sabe o que é estranho?
- O quê?
- Você não vai gostar de ouvir.
- Mesmo que eu não vá gostar, sei que isso não te impedirá de dizer.
- É verdade.
- O que é estranho, Lizzy?
- Que quando eu te conheci a primeira vez você não sorria.
- E?
- E agora você não para de sorrir.
- E?
- Isso quer dizer que eu te deixo feliz! – eu sorri com uma expressão deslavada.
- Há-há-há. Você é convencida e cara de pau.
- Sou mesmo. E agora, como você vai aprender a viver sem mim?
- Por que eu vou ter que viver sem ti?
- Por que sim.
- E se eu não quiser?
- Você não tem escolha.
- Hum.
- Eu não sou o tipo de mulher que namora, William. Gosto de ter minha liberdade.
- Mas a gente não pode se encontrar de vez em quando?
- Não.
- Por que não?
- Por que você não é qualquer um, William.
- Como assim?
- Por que você é o homem da minha vida e eu logo ficaria perdidamente apaixonada.
- Você é bem direta, hein?
- Sou mesmo. Não tenho nada a perder. E depois, eu não quero mais te ver.
- Nunca mais?
- Não.
- Tem certeza?
- Tenho.
- E como você vai aprender a viver sem mim, Lizzy? – ele repetiu minha pergunta.
- Como sempre vivi.
- Ai é que você se engana. Você nunca mais vai me esquecer. – e ele sorriu. Com a mesma expressão deslavada que eu. – Nunca mais. – ele repetiu, agora em tom de ameaça.
- Rum. – eu resmunguei levemente exaltada – Não daria certo, Will.
- Por que não?
- Tua família é dona do que mesmo?
- De uma faculdade particular, de uma fábrica de peças de automóveis, de uma construtora de imóveis e somos sócios majoritários da D&B advocacia, que meu pai comprou para mim.
- Isso quer dizer que se você fosse médico teu pai te compraria um hospital? – eu ironizei.
- Provavelmente. – ele respondeu com naturalidade e eu fiz uma careta.
- Então, Will! Você é irritantemente rico! Eu odeio pessoas ricas. – eu rosnei - E você é muito esnobe para o meu gosto.
- Como você é preconceituosa, Lizzy! Bom... Eu não vou mover uma única palha nesse sentido. Não vou procurá-la. Não vou atrás de você. Pode estar certa disso.
- Tudo bem – eu o interrompi.
- Ainda não terminei! – ele elevou o dedo indicador da mão direita – Mas você virá atrás de mim.
- Não vou não. – eu cruzei meus braços, contrariada.
- Você nunca vai me esquecer.
- Petulante e arrogante. – eu grunhi - Convencido.
- Agora eu vou indo. – rumou para o quarto para acabar de se vestir e eu fui para a cozinha para ver se me acalmava lavando os pratos. Com a raiva que eu sentia, eu era capaz de quebrar todos os pratos juntos na cabeça dele.
- Um último beijo? – ele se inclinou sobre mim e propôs.
- De jeito nenhum. – eu cruzei meus braços, decidida.
- Eu sei que você me ama, Lizzy.
- Nojento! – eu fiz uma careta repulsiva.
Então ele foi embora rindo de mim. Que ódio! Mas saiu da minha vida para sempre. Ou pelo menos era o que eu esperava. Ou não.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O homem Certo - história de Tânia - capítulo 5





Outra história publicada na Comunidade Orgulho e Preconceito Fanfics - Com Lizzy e Darcy


Capítulo 5 Adicionar imagem

Mulher desgraçada. Entrou na minha vida sem pedir licença e agora não sai da minha cabeça. Eu não queria isso. Devo estar ficando louco. Não consigo sequer trabalhar direito. Que droga! Mas não vou procurá-la. Não mesmo. Se ela quiser, ela sabe onde me encontrar.
Os dias passam e eu não consigo parar de pensar nela. E ela não vem. De certo não quer me ver.
Tenho tentado encontrá-la nos lugares mais estranhos e inusitados. Supermercados próximos a casa dela. Até numa cafeteria eu fui para ver se ela aparecia. Fiquei mais de uma hora lá. Rodei de carro tantas vezes ao redor do prédio dela. Tudo em vão. Nunca a vejo.
Como forjar um encontro casual? Como não parecer desesperado e louco por ela? Deve haver um jeito de eu simular um encontro. De qualquer forma, não darei o braço a torcer. Ela disse que não quer um relacionamento. Até posso imaginá-la rindo da minha cara com aquele ar petulante, dizendo: “Eu disse que você não poderia viver sem mim.” Não. Não darei a ela esse gostinho.
Muitas mulheres passaram pela minha vida. Mas nenhuma deixou uma marca tão intensa. Ela é provocante, sexy, gostosa, atrevida, desinibida e adoravelmente e ao mesmo tempo irritantemente cara de pau.
Respirei fundo e olhei para a janela. Tinha um relatório para analisar. Mas minha mente estava bem longe daqui. Como a lembrança de apenas uma única noite poderia me perseguir tanto? Eu só queria um pouco de paz.
Dei ordens expressas a Isadora, minha secretária, que se Elizabeth voltasse ela poderia entrar sem aviso. Acabei denunciando meus sentimentos e vi a incredulidade estampada na face de Isadora. Sim. O chefe dela também tem sentimentos. Também é um homem capaz de amar. E por que não? Não preciso ser forte o tempo todo.
Venho tentado mudar. Tentado me esforçar. Para que se um dia nos reencontrarmos ela consiga ver em mim um homem melhorado. Não quero que todo mundo me ache arrogante e esnobe e a recrimine por ficar comigo. Quero que ela sinta orgulho de mim. Que ande de mãos dadas comigo pelas ruas exibindo aquele sorriso convencido e aquele nariz empinado que ela tem.
Como pode uma mulher revirar dessa maneira a cabeça de um homem? Fazer com que ele queira mudar seu comportamento e seu estilo de vida por causa dela? Fazer com que ele perceba que a vida sem ela é vazia e insignificante?
Droga. Eu faria tudo para tê-la pelo menos por mais uma noite. Imagina então pela vida inteira...
Ela disse que estava apaixonada por mim. Que diabos! Se ela tivesse apaixonada por mim estaríamos juntos agora. E eu a faria feliz. A levaria para a serra, ascenderia uma lareira e a aqueceria em meus braços. Ou se ela preferisse o calor, a levaria para uma praia. De preferência uma praia deserta e a enlouqueceria em plena areia. Não. É mentira. Devo corrigir: ela me enlouqueceria em plena areia.
E o gosto dela... Está gravado, memorizado e nítido na minha cabeça. Gostosa, fogosa. Ai, meu Deus! Devo estar ficando louco...
Coloquei as minhas mãos sobre a cabeça e baixei o meu rosto. O Relatório. Devo terminá-lo. É tão difícil...
- Sr. Darcy? – a voz da Isadora tirou-me dos meus devaneios.
- Hum?
- Desculpe eu entrar assim, mas eu bati na porta e você não ouviu... – ela murmurou constrangida, evitando meu olhar. Ela tinha medo de mim. Sim. Eu costumava ser arrogante e estúpido.
- Sim? – respondi e forcei um leve sorriso. Eu tinha que melhorar e tentar ser simpático. Quem sabe assim a Elizabeth me quisesse?
A Isadora se atrapalhou um pouco, eu percebi. Ela não estava acostumava a me ver sorrindo. Eu devia ser mesmo um monstro. Por isso Elizabeth me descartara.
Como pude acreditar um dia que ela não era adequada a mim quando na verdade ela era muito para mim?
- O Sr. Wickham está esperando pelos relatórios. Já estão pronto? Posso levá-los?
- Wickham? – ele era amigo de Elizabeth e eu não gostava dele. Parecia muito cínico, pois estava sempre exageradamente sorridente. Transbordava bom humor, seduzia e conquistava os outros com excessiva facilidade. E todos gostavam dele. Inclusive a minha Lizzy. Ele era o meu oposto. A minha antítese. Ele era o cara que eu gostaria de ser se eu fosse capaz de mudar. Talvez se eu fosse como ele, ela me daria outra chance... – Wickham? – eu repeti. Uma idéia me iluminou.
- Sim, Sr. Darcy... – ela respondeu levemente confusa. Pegou a caneta Bic que havia no bolso do terninho da empresa azul marinho e coçou a orelha esquerda.
- Já estou terminando. Pode deixar que assim que eles estiverem prontos eu mesmo os levarei.
- O Sr. levará? – ela balbuciou boquiaberta. – Tipo pessoalmente?
- Sim, Isadora. Agora pode me dar licença? – a presença dela estava começando a me perturbar. Sua expressão só me lembrava do meu antigo eu meio carrasco.
- Cla-claro. – e ela andou de marcha ré, como se estivesse com medo de se virar e levar nas costas uma flechada de algum arco e flecha que eu ocultava. Nossa! Eu devia ser terrível mesmo.
Reuni meu resto de neurônios inteligentes e não afetados pela paixão arrebatadora que eu sentia por aquela mulher e em poucos minutos finalizei a correção do relatório.
- Pronto. – passei pela mesa da Isadora e entreguei um dinheiro a ela. – Compre um chocolate para a gente na loja da frente. Você anda muito estressada.
- Hã??? – dessa vez ela demorou a fechar a boca e eu tive que rir. Foi engraçado.
Chegando próximo à sala de Wickham, eu logo ouvi que ele falava ao telefone. Não que eu planejasse escutar ou algo do gênero. Espionar não fazia parte do meu estilo. Mas a porta estava entreaberta e eu não pude evitar.
- Lizzy! Não faz assim comigo...
E eu estanquei. Essa conversa eu tinha que ouvir. Era mais forte do que eu. E eu me escorei na parede ao lado da porta aberta. Não podia haver duas Lizzy. Isso só queria dizer que ele falava com a minha Lizzy!
Meu coração se agitou. Nervoso. Há meses que eu não tinha notícias dela. Embora ela não saísse da minha cabeça. E eu precisava de qualquer coisa. Qualquer informaçãozinha me bastaria.
Como eu desejava ouvir o som da voz dela. Como eu desejava arrancar aquele telefone das mãos do George e falar com ela no lugar dele.
- Eu não posso mesmo te encontrar? Nem a minha amizade você quer mais? Hum.... Sei... Noite só de mulheres. Sei... Sei, Lizzy. Sei bem como funciona isso. Não precisa arranjar desculpa, se você não quer mais nada comigo.
Nossa! Ela e o George tinham um caso? Ah não! Tudo bem, tudo bem. Pelo visto ela não quer mais nada com ele. Não me importo. Ela será só minha um dia. Pelo menos eu espero que seja.
- Tá bom. Já entendi. Você, Jane e Lídia vão hoje ao Abbey Road e você não quer homem por perto. Entendi sim. Tá bom. Não! Eu não entendo, não. Mas eu respeito, tá?
E eu não ouvi mais nada. Sai correndo dali e quase derrubei os relatórios pelo caminho.
- Isadora, entregue os relatórios você mesma. – atirei-os sobre a mesa dela - E não diga que eu fui até a sala dele, está bem? E aproveite e compre os chocolates!
Entrei em minha sala feito um raio. Eufórico. Entusiasmado. Meu encontro casual finalmente se concretizaria. Eu sabia para onde ela iria. Eu a veria novamente.
Peguei o telefone e disquei o número do meu melhor amigo.
- Charles! Nós vamos ao Abbey Road hoje. (...) Não me importo que você tenha um compromisso: desmarque! (...) Não existe nenhum compromisso que não possa ser desmarcado. (...) Entenda bem, meu amigo: é um caso de vida ou morte. E eu nunca te pedi uma coisa dessas, você sabe disso, embora você já tenha me arrastado para mil e um lugares contra a minha vontade (...) Sim. Eu admito. Ela estará lá. Pelo menos eu acho... (...) Ah, você vai? Ótimo! (...) Não. Eu não faço a mínima idéia onde fique esse tal de Abbey Road ou que seja isso. Só sei que é para lá que nós vamos. (...) Até de noite então.

- Chegamos tarde, Charles. Por que você demorou tanto? – eu resmunguei tentando encontrar uma vaga disponível no estacionamento lotado.
- Eu te falei que eu tinha um compromisso, Darcy. Foi o mais cedo que eu consegui me livrar.
- Tudo bem, tudo bem – eu suspirei – Desculpa, cara. Eu tô nervoso.
- Eu sei. – ele me olhou e riu. – Essa mulher te virou mesmo a cabeça. Se a minha irmã sonha com isso. – ele debochou.
- Eu nunca quis nada com Caroline.
- Eu sei. Mas ela não sabe. Acho que o consolo dela é acreditar que você é gay.
- Rá! É sério?
- Sim. Ela nunca te viu com mulher nenhuma. Quando te vir com a Elizabeth creio que sofrerá um infarto.
- Quando me vir com Elizabeth... – eu resmunguei – Se isso acontecer um dia...
- Tem certeza que ela estará aqui? – ele mudou de assunto. – Ei! Ali tem uma vaga.
E eu finalmente consegui estacionar.
- Espero que sim. Eu realmente espero que ela esteja.
Entramos no bar lotado. Uma banda tocava músicas conhecidas. A banda couver da casa em que o próprio dono do bar tocava de vez em quando entre os integrantes. Ambiente agradável. Um público mais selecionado. Algumas pessoas de idade. Interessante.
Corri meus olhos por todas as mesas e nem sinal dela. Droga! Não era possível.
- Tem um segundo andar. – Charles percebeu meu desânimo e apontou para um mezanino.
- Ah. Vamos subir então. – a esperança voltou ao meu rosto.
E nos últimos degraus eu a avistei. Ela conversava empolgada com uma loira bonita de traços delicados e uma morena baixinha aparentemente mais nova. E devido às semelhanças, as três só podiam ser irmãs.
Mas a Lizzy era a que mais chamava atenção. A mais bela entre todas as mulheres presentes. Com seus olhos reluzentes de um castanho intenso. Olhos que transmitiam todo seu fogo, sua alegria, sua vivacidade. Capazes de hipnotizar um homem e deixá-lo de quatro. Tal como ela fizera comigo.
- Charles? – eu logo constatei que ele estava vidrado. Parecia enfeitiçado. Ele olhava fixo para a loira que acompanhava a minha Lizzy.
Segui firme em direção a ela. Com Charles ao meu lado. Até que a loira viu Charles. Estranho. Ela sorriu para ele como se já o conhecesse. Será?
- É ela, Darcy. – ele me cutucou.
- Hum? - eu arqueei as sobrancelhas, intrigado.
- A Jane! A mulher de quem eu sempre te falei! Aquela que fez faculdade dois anos depois de mim! Por quem eu sempre fui apaixonado e com quem eu nunca tive a oportunidade de conversar!
- Ah! – e ele parecia tão entusiasmado. Que ironia do destino: justo ele que não queria vir...
No mesmo instante a Elizabeth parou de falar e reparou na expressão da irmã. Automaticamente, seu rosto curioso se voltou para a mesma direção do de Jane e seus olhos encontraram os meus. Automaticamente, o sorriso do seu rosto esmoreceu.
Os traços de seu rosto endureceram. Sem expressão. Suas bochechas ficaram pálidas. E ela estancou. Como se estivesse congelada. Como se tivesse visto um fantasma. Seus braços ficaram rígidos apoiados sobre a mesa. Ela ficou imóvel a minha espera.
Não recuei. Continuei o meu trajeto agora acompanhado por aqueles olhos castanhos desconfiados. Fixos no meu rosto. Olhos determinados e valentes. Engoli em seco e prossegui. Não voltaria atrás.
Ela era demais! Linda. Apetitosa. Fogosa. Sexy. E eu a queria. E não só isso: eu a teria e estava disposto a tudo para conquistá-la.
Quando eu enfim cheguei e parei em sua frente, ela me surpreendeu. Mas eu digo e ressalto: ela realmente me surpreendeu! Não da mesma forma com que ela sempre me surpreendia, mas de uma maneira completamente inusitada: pela primeira vez eu percebi indícios de medo em seu rosto. A minha Lizzy, ousada, forte e incrivelmente cara de pau temia a mim!? Como pode uma insensatez dessas? E ela fechou os olhos como se estivesse assustada!?
- Lizzy? – eu segurei o seu queixo e não obtive resposta. Era uma pedra de Lizzy. Encolhida. Medrosa. – Abre os olhos, Lizzy.
- Não. – sua voz soou firme e teimosa, apesar de tudo.
Então eu lembrei. Lembrei do que ela fez comigo um dia. Decidido, a enlacei pela cintura. Nenhuma resistência. Ótimo. Controlei-me para não rir ao repetir as palavras já usadas por ela:
- Covarde! Olhe para mim e negue que me quer. – grudei minha boca naquela pele macia e depositei um beijo em sua bochecha. Ela se encolheu um pouco, mas não se mexeu mais do que isso. Apertei meus braços ao redor de sua cintura.
– Abra os olhos, Lizzy. – repeti com segurança. Nenhuma resposta.
Então resolvi alterar meu tom. Tinha que jogar pesado mesmo. E eu sussurrei da forma mais sensual que eu consegui, enquanto meus lábios roçaram os dela:
- Abre os olhos, meu amor. – um braço meu acariciava os seus cabelos, enquanto a minha boca pressionava seus lábios semi-imóveis e entreabertos. Aos poucos, ela se entregava. Aos poucos, ela correspondia. Ela não era tão forte quanto acreditava.
- Amor... – ela repetiu. Não entendi bem o sentindo daquilo e também não tive tempo de pensar. Por que depois disso, seus braços enlaçaram meu pescoço com vigor. Sua boca sedenta se abriu aceitando a minha. Sua língua energeticamente se enroscou à minha.
- Por que demorou tanto? – seus olhos estavam úmidos ao finalmente encarar os meus.
- Você disse que não queria... – contrai minhas sobrancelhas, intrigado. Mais uma vez, ela me surpreendia.
- Eu não queria, Will. Mas infelizmente há coisas que fogem do meu controle. – e ela sorriu com aquela adorada expressão cara de pau.
- Você disse que não namora. – acariciei seu rosto.
- Eu não namoro mesmo. – ela afirmou, sem desmanchar o sorriso.
- Então aceita ser minha noiva? – eu propus. Eu tinha que arriscar. Eu a queria de qualquer maneira.
- Noiva? – ela fez uma careta e resmungou – Não sei se quero casar.
- Eu não estou te pedindo em casamento, só em noivado.
- Rá! Então eu posso ser uma eterna noiva? – ela indagou divertida.
- Pode ser o que você quiser, Lizzy. Desde que esteja comigo.
- Tudo bem – ela respondeu debochada - Eu aceito.
- Aceita o quê? – ela me confundia. Como sempre.
- Ser qualquer coisa para ficar contigo.
- Ótimo. – e meus lábios novamente se uniram aos delas.

FIM